sexta-feira, 16 de junho de 2017

MEDICINA CHINESA. A CURA PELO FLUXO DA ENERGIA VITAL

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Há bem mais de dois mil anos, a China enfoca a questão da saúde e da doença com uma abordagem muito diferente da medicina ocidental. Na tradição médica chinesa, não se trata de tratar da doença, mas sim de restabelecer os fluxos de energia vital responsáveis pela manutenção da saúde. A partir desse enfoque, as ferramentas usadas pelos chineses são radicalmente diferentes das nossas.



Por: Christofe Doré – Le Figaro Santé 

No Ocidente, temos tendência a associar a palavra “medicina” a hospitais e a medicamentos, e também a classificar as doenças em função dos órgãos e das funções do nosso corpo físico. Com frequência deixamos de lado a parte emocional e, mais ainda, a dimensão energética. Tais lacunas não existem na medicina tradicional chinesa, que é baseada em conhecimentos muito antigos descritos em escrituras velhas de muitos milhares de anos.
Essa medicina foi marcada por três escritos de datação incerta, mas certamente muito antigos: o I Quing, o primeiríssimo livro de medicina que, acredita-se, foi escrito no primeiro milênio antes de Cristo, e que teria sido inspirado pelo imperador Fu Hi. Depois dele, o Ben Cao e o Nei King, que provavelmente pertençam à Dinastia Han (206  a. C. – 220 d. C.), embora costumem ser associados aos imperadores míticos Shen Nong e Huang Di.

A medicina chinesa, longe de examinar a saúde de uma pessoa focando esse ou aquele órgão, considera o ser humano nas suas relações com a terra e os diversos elementos, buscando manter através da energia vital (Ki) uma harmonia que, quando comprometida ou inexistente, gera todos os tipos de sintomas e patologias.
“Além da acupuntura, já bem conhecida no Ocidente, a massagem energética, a farmacopeia, o Ki Gong, a dietética e a higiene desempenham um papel fundamental”, esclarece Jean-Marc Triboulet, importante especialista francês da medicina chinesa. Para assegurar o bem-estar, manter a boa saúde e prevenir o surgimento de doenças, a medicina chinesa se apoia sobre cinco instrumentos, dos quais os dois mais conhecidos são as plantas medicinais (exaustivamente tratadas no Ben Cao) e a acupuntura (bem descrita no Nei King). As plantas medicinais na China gozam de um status à parte: trataremos delas em primeiro lugar, inclusive porque fazem parte integrante da dietética, concebida para a manutenção da saúde.

No total, para quase um milhar de substâncias presentes na farmacopeia chinesa, cerca de 300 plantas são correntemente utilizadas em preparados que associam e combinam várias delas, para aproveitar a sinergia dos seus efeitos. Seu potencial depende de várias características, e notadamente de sua forma (cor, consistência, grau de hidratação, etc.), sua natureza (com um efeito térmico ou fisiológico: frio, quente, morno), seu sabor (picante, doce, ácido, etc.) ou ainda sua ação (dispersante, tonificante, neutralizante, etc.)
A harmonia da energia vital
Como exemplo, pelos sintomas que o médico julga ligados ao frio (o escorrimento pelo nariz, os reumatismo, etc.), ele preconizará plantas de natureza quente ou morna. Mas esse não é o único critério. Para escolher uma erva, ele deverá examinar e estabelecer uma série de outras correspondências. A do sabor combinado com a ação (salgado, amaciante; amargo, dispersante, etc.), com o Yin (ácido, amargo, salgado) ou o Yang (picante, doce), ou ainda com os cinco elementos que possibilitam a transformação do Yin em Yang e vice-versa (picante, metal; ácido, madeira; etc.), cada um deles associado a determinados órgãos (madeira, fígado; fogo, coração; terra, baço, etc).

Todas essas escolhas são, logo de início, guiadas por um diagnóstico energético. Não se trata, portanto, de determinar qual órgão foi atingido ou de que doença sofre o paciente. O exame tem por objetivo obter informações a respeito das perturbações que desarranjaram a harmonia do sistema de energia vital que constitui o próprio cerne do organismo e, ao mesmo tempo, entre o organismo e os elementos exteriores. Eis porque, além das questões e das observações de todos os tipos (cor da pele, voz, respiração, estado emotivo, etc), aquele que pratica a medicina chinesa tradicional tomará o pulso do paciente em diversos pontos diferentes, para perceber o que faz obstáculo ao fluxo da energia vital no corpo através de uma vasta rede de vias chamadas meridianos. Ele poderá, dessa forma, prescrever um tratamento apropriado. Desse tratamento faz parte não apenas uma mudança de regime alimentar e as ervas medicinais, mas também a estimulação de pontos precisos localizados ao longo dos meridianos com o uso de agulhas (acupuntura), do calor (moxabustão), ou de massagens e, por fim, com a prática de ginásticas tradicionais desenvolvidas para a manutenção do fluxo de energia vital (Qi Gong, Tai Chi Chuan).

Segundo Jean-Marc Triboulet, escolher a estimulação dos pontos com agulhas ou com a ponta dos dedos possui uma série de implicações que não estão obrigatoriamente conectadas à maior ou menor eficácia do método escolhido. Nos hospitais, é possível tratar de vários pacientes ao mesmo tempo. Além disso, a acupuntura se presta melhor aos estudos clínicos do que as massagens, menos fáceis de serem reproduzidas de forma idêntica. No sistema ocidental de saúde, essas comprovações constituem uma das chaves do seu sucesso: seus efeitos foram demonstrados cientificamente em várias situações, entre as quais o tratamento das cefaleias, para o alívio da dor, para prevenir a náusea e os vômitos após uma cirurgia, ou no contexto do acompanhamento de pacientes que fazem quimioterapia. Apesar de ser um sistema multimilenar, todas essas virtudes fazem da medicina chinesa um dos sistemas mais promissores para serem absorvidos pela tecnologia médica ocidental. Isso já acontece hoje em dia, quando muitos hospitais e clínicas empregam os conhecimentos da medicina chinesa para tratar de sintomas até há pouco desconhecidos, tais como os provenientes da poluição, os transtornos alimentares, a obesidade, etc. (SAÚDE 247 ).
LeFigaro
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