Produtores rurais têm encontrado no mel uma promissora alternativa de trabalho e renda graças ao apoio da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). São R$ 38,8 milhões investidos desde 2012 para desenvolver a apicultura nos sete estados onde a empresa pública atua. Assim, cerca de 5 mil famílias da Bahia, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Piauí, Ceará, Maranhão e Minas Gerais foram beneficiadas com kits produtivos e casas de mel, ações que promoveram a inclusão produtiva na região.
Os recursos são oriundos da Secretaria de Desenvolvimento Regional do Ministério da Integração Nacional (SDR/MI). Do total aplicado, cerca de R$ 20,6 milhões foram direcionados para estruturação das comunidades: foram 4,8 mil kits familiares, compostos por colmeias, melgueiras, suporte, cera, equipamentos de proteção individual, carretilha manual, formão e fumigador, para atender a 151 municípios.
“Os Arranjos Produtivos Locais – APLs da Apicultura apoiados pela Codevasf foram exitosos em todos os locais onde foram trabalhados. Com o trabalho realizado pela Companhia e parceiros, houve significativo aumento da produção, da produtividade e da qualidade dos produtos apícolas”, explica a gerente de Desenvolvimento Territorial da Codevasf, Janleide Costa.
Dos R$ 38,8 milhões investidos em apicultura, R$ 4,3 milhões foram destinados a Alagoas; R$ 13,5 milhões para Bahia; R$ 3,9 milhões para Minas Gerais; R$ 4,2 milhões para Pernambuco, R$ 2 milhões para Sergipe; R$ 2,8 milhões para o Maranhão e R$ 7,8 milhões para o Piauí e o Ceará.
Além dos kits produtivos, os recursos foram destinados à construção de unidades para beneficiamento do produto. Na Bahia, foram construídas uma unidade de extração de mel em Sento Sé e um entreposto em Casa Nova. No Maranhão, no município de Bacabeira, foi reformada uma unidade de extração de mel. Em Minas, o município de Porteirinha também foi contemplado com uma unidade de extração de mel. Além disso, foi retomada recentemente a construção de um entreposto de mel em Bocaiuva.
Já em Pernambuco, foram seis unidades de extração de mel, beneficiando produtores nos municípios de Afogados, Inajá, Moreilândia, Araripina, Santa Filomena e Manari. No Piauí, conhecido por sua vocação produtiva para a apicultura, sobretudo pela região de Picos, foram quatro unidades de extração de mel construídas em Cristino Castro, Itaueiras, Floriano e Massapê, além de sete obras de adequação à legislação em Patos do Piauí, Belém, Marcolândia, Santana do Piauí, Jaicós, Padre Marcos e Pio IX e duas complementações em Campo Maior e São Miguel do Tapuio.
“Esses investimentos têm sido fundamentais para organizar e atrair cada vez mais famílias sertanejas à apicultura. A atividade é uma alternativa importante de renda para famílias vocacionadas a esse segmento. Esse é um esforço do governo federal, do Ministério da Integração Nacional e da Codevasf”, afirma a presidente da Codevasf, Kênia Marcelino.
Produção sustentável
O município de Bocaiuva, no Norte de Minas, se destacou na atividade apícola com um trabalho de intercâmbio entre os produtores familiares. Luciano Fernandes de Souza, presidente da Cooperativa dos Apicultores e Agricultores Familiares do Norte de Minas (Coopemapi), foi um dos primeiros produtores agrícolas da região bocaiuvense a entrar para o ramo.
“No início, era uma atividade muito acanhada. Tanto a produção quanto a comercialização tinham muito amadorismo, eram poucos os que se interessavam. Depois que a Codevasf entrou em cena, a coisa mudou. Hoje já são mais de 200 famílias de apicultores vivendo quase que exclusivamente da produção do mel. Eu voltei de São Paulo, para onde tinha mudado a procura de trabalho, e vivo hoje da apicultura” conta Luciano de Souza.
O apicultor José Carlos Ribeiro Santos, afiliado à Associação dos Apicultores Glorienses, no município sergipano de Nossa Senhora da Glória, conta que a ação da Codevasf teve um grande impacto junto aos produtores locais. “Todo mundo aqui ficou muito satisfeito. Com as colmeias e os equipamentos doados pela Codevasf, a nossa associação hoje tem capacidade de produzir 40 toneladas de mel. Estamos só esperando que o tempo melhore e essa seca diminua para que a gente possa voltar a produzir”, declara o produtor.
Ser apicultor é também um meio de preservar o meio ambiente. Essa é a avaliação de Diego Correia, presidente da Cooperativa dos Produtores de Mel, Insumos e Derivados Apícolas de Alagoas (Coopeapis), que reúne 81 famílias de apicultores de diversos municípios do sertão de Alagoas, como Água Branca, Pariconha, Piranhas, Olho d’Água do Casado, Senador Rui Palmeira e São José da Tapera. “O sentimento de ser apicultor é dignificante. É muito bom trabalhar com apicultura, porque trabalhamos com preservação do meio ambiente, com geração de renda por meio da preservação, e isso é gratificante”, afirma.
O diretor da Área de Revitalização de Bacias Hidrográficas da Codevasf, Inaldo Guerra, reforça que a apicultura é uma atividade econômica caracterizada pela sustentabilidade ambiental, por unir a produção de alimento à proteção do meio ambiente. “A apicultura tem despontado como uma atividade totalmente alinhada com o desenvolvimento sustentável. Preserva a natureza e fortalece o homem com a renda que gera. A Codevasf está sensível a isso e percebe claramente, pelo retorno que tem obtido das famílias beneficiadas, que é um investimento muito produtivo para todos”, explica. (247).
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