Faltando
menos de um ano para as eleições de 2014, todas as atenções estão
voltadas para o quadro político nacional. Entretanto, em Pernambuco, os
rumos da política giram em torno do governador, Eduardo Campos (PSB),
cujas decisões serão fundamentais para definir as movimentações
regionais dos principais blocos políticos no Estado. PSB, PT, PTB, PMDB e
PSDB, as maiores legendas estaduais, começam a se movimentar com o
intuito de definirem se terão candidatura própria ou com que se aliarão
no objetivo de ganhar a corrida rumo ao Palácio do Campo das Princesas.
Com um governo que possui índices de
aprovação superiores a 70%, a situação para o PSB poderia ser
relativamente tranquila. Poderia, mas não é. Como o governador almeja
disputar as eleições para a Presidência da República tem procurado
segurar ao máximo o nome do candidato que será indicado para disputar a
sua sucessão. Este “freio de arrumação” momentâneo busca a composição de
alianças que possam dar suporte ao projeto nacional do PSB e assegurar
uma vitória tranquila no Estado.
Mas o
silêncio de Campos em torno de quem será o indicado para disputar a sua
sucessão tem deixado muitos socialistas ansiosos. Dentre os, vários
nomes que, dde uma forma ou de outra já deram início a movimentos para
se posicionarem como possíveis escolhidos, estão o ex-ministro da
Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, o vice-governador João
Lyra, os secretários estaduais Paulo Câmara e Tadeu Alencar e o
ex-petista Maurício Rands. Entretanto, Rands já afirmou que não tem a
intenção de se candidatar ao governo e que a sua tarefa ao longo das
próximas eleições são “funções de retaguarda” dentro da legenda
socialista.
Fernando Bezerra Coelho e João Lyra são
os nomes mais fortes para encabeçarem a chapa pessebista e tomam
caminhos cada vez mais distintos em suas estratégias para viabilizar
suas candidaturas. Enquanto o ex-ministro acentua sua experiência
executiva – FBC já foi prefeito, deputado e ministro tendo chegado a
declarar em entrevistas que era “o mais apto para o cargo” -, o
vice-governador adota uma estratégia mais discreta para contar pontos
com Campos e mantém conversas com possíveis aliados dentro e fora do
PSB.
Desde que começaram as movimentações
para definição das chapas estaduais para o pleito de 2014, apenas uma
pesquisa de intenção de voto foi realizada, pelo Instituto Maurício de
Nassau, em parceria com o Jornal do Commercio. Nos dados, que só
incluíram Bezerra Coelho no campo do PSB, o socialista conta com 11% dos
votos. Para fortalecer a candidatura própria e acomodar aliados ou
possíveis aliados, várias sondagens estão em curso. Uma delas é oferecer
a vice ao deputado federal Raul Henry (PMDB). Esta composição
resolveria alguns problemas hoje enfrentados por Campos em nível
estadual, além de ter repercussões nos palanques de alguns outros
estados.
A recente reaproximação de Campos com o
senador peemedebista Jarbas Vasconcelos após anos de afastamento – com
direito, inclusive, a elogios do peemedebista à aliança entre PSB e Rede
Sustentabilidade – possuem um significado simbólico e um afago a alguns
setores do PMDB que não querem que o partido permaneça na base de apoio
do governo da presidente Dilma Rousseff (PT). Apesar do firmamento
nacional do partido, que deve apoiar o PT na candidatura da presidente
Dilma Rousseff (PT) à reeleição, os peemedebistas devem apoiar os
socialistas no pleito estadual de 2014. Do outro lado desta moeda de
troca, estaria o apoio de Campos e do PSB para reeleger o senador Jarbas
Vasconcelos. Nem o PMDB e nem o PSB confirmam esta negociação.
Já no núcleo de oposição aa Campos, os
rumos que devem guiar o PT no quadro estadual vão depender da cizânia
que corrói a sigla em Pernambuco desde as eleições municipais de 2012.
Um dos caminhos possíveis para a legenda é lançar uma candidatura
própria para o Governo do Estado– encabeçada pelo deputado federal João
Paulo (PT-PE), que, na pesquisa de intenção de votos, apareceu em
segundo lugar, com 14%.
Mas se em Pernambuco, o partido deseja
firmar posição com uma candidatura própria, especialmente após as
derrotas acachapantes sofridas no pleito estadual de 2010 (quando Campos
foi reeleito e impôs uma vitória humilhante sobre o senador Humberto
Costa) e de 2012, (quando Humberto e João Paulo perderam a disputa pela
Prefeitura do Recife por uma larga diferença para o candidato do PSB), a
direção nacional da legenda parece ter outra opinião.
Inclusive um dos maiores caciques
petistas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, já manifestou o
interesse de eleger João Paulo como senador no pleito de 2014, o que em
tese complica o projeto de uma candidatura própria. Caso João Paulo seja
lançado para o Senado, o PT, em Pernambuco, corre o risco de ficar sem
candidato forte para lançar nas eleições de 2014, tendo em conta o
desgaste político sofrido pelo senador Humberto Costa.
Nesse caminho, o caminho mais provável a
ser tomado pelo PT é fechar aliança com o senador Armando Monteiro
(PTB-PE), que já se coloca como pré-candidato do partido à disputa. A
aproximação entre PT e PTB, em Pernambuco, além de fortalecer o partido
no Estado, é praticamente uma réplica da aproximação nacional entre as
legendas, uma vez que o PTB já anunciou que irá apoiar a reeleição da
presidente Dilma. Nas pesquisas de intenção de voto do Instituto
Maurício de Nassau, Armando aparece com 33% por cento dos votos válidos.
O índice, entretanto, ainda pode aumentar, se uma aliança entre o PTB e
o PT for firmada. Os partidos assumem que dialogam constantemente, mas
ressaltam que ainda não existe nada de concreto na “paquera” em
andamento.
Enquanto PT, PSB e PSDB articulam suas
estratégias eleitorais em Pernambuco, o PSDB deve correr por fora nas
próximas eleições estaduais. Apesar dos índices alcançados pelo deputado
estadual Daniel Coelho (PSDB) nas eleições municipais de 2012, no
Recife – com 245.120 votos e na frente de Humberto Costa – são fracas as
tentativas de lançar o tucano em uma chapa para o Palácio do Campo das
Princesas. Além disso, o PSDB local, embora seja oposição ao governo do
PSDB, tem no presidente estadual, Sérgio Guerra, um simpatizante no que
diz respeito a formação de uma aliança entre as legendas em nível
estadual.
Mas talvez a grande diferença esteja
realmente junto ao eleitor pernambucano uma vez que maior do que o
índice de qualquer dos candidatos sondados pelo Instituto Maurício de
Nassau está o número de indecisos. Nas pesquisas, 31% dos entrevistados
disseram ter intenção de votar em branco ou anular o voto. Outros 21%
não responderam ou ainda não sabem em quem votar.
Este montante de indecisos ou descrentes
com o atual cenário político e que chega a 52% do eleitorado é que deve
ser trabalhado pelas legendas para fazer a diferença nas eleições 2014.
E este é um potencial que os partidos também levarão em conta no
momento de decidir pela candidatura própria ou pela formação de
alianças.
Fonte: Brasil 247
Blog do Bill Art´s