Com um governo que possui índices de
aprovação superiores a 70%, a situação para o PSB poderia ser
relativamente tranquila. Poderia, mas não é. Como o governador almeja
disputar as eleições para a Presidência da República tem procurado
segurar ao máximo o nome do candidato que será indicado para disputar a
sua sucessão. Este “freio de arrumação” momentâneo busca a composição de
alianças que possam dar suporte ao projeto nacional do PSB e assegurar
uma vitória tranquila no Estado.
Mas o
silêncio de Campos em torno de quem será o indicado para disputar a sua
sucessão tem deixado muitos socialistas ansiosos. Dentre os, vários
nomes que, dde uma forma ou de outra já deram início a movimentos para
se posicionarem como possíveis escolhidos, estão o ex-ministro da
Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, o vice-governador João
Lyra, os secretários estaduais Paulo Câmara e Tadeu Alencar e o
ex-petista Maurício Rands. Entretanto, Rands já afirmou que não tem a
intenção de se candidatar ao governo e que a sua tarefa ao longo das
próximas eleições são “funções de retaguarda” dentro da legenda
socialista.
Fernando Bezerra Coelho e João Lyra são
os nomes mais fortes para encabeçarem a chapa pessebista e tomam
caminhos cada vez mais distintos em suas estratégias para viabilizar
suas candidaturas. Enquanto o ex-ministro acentua sua experiência
executiva – FBC já foi prefeito, deputado e ministro tendo chegado a
declarar em entrevistas que era “o mais apto para o cargo” -, o
vice-governador adota uma estratégia mais discreta para contar pontos
com Campos e mantém conversas com possíveis aliados dentro e fora do
PSB.
Desde que começaram as movimentações
para definição das chapas estaduais para o pleito de 2014, apenas uma
pesquisa de intenção de voto foi realizada, pelo Instituto Maurício de
Nassau, em parceria com o Jornal do Commercio. Nos dados, que só
incluíram Bezerra Coelho no campo do PSB, o socialista conta com 11% dos
votos. Para fortalecer a candidatura própria e acomodar aliados ou
possíveis aliados, várias sondagens estão em curso. Uma delas é oferecer
a vice ao deputado federal Raul Henry (PMDB). Esta composição
resolveria alguns problemas hoje enfrentados por Campos em nível
estadual, além de ter repercussões nos palanques de alguns outros
estados.
A recente reaproximação de Campos com o
senador peemedebista Jarbas Vasconcelos após anos de afastamento – com
direito, inclusive, a elogios do peemedebista à aliança entre PSB e Rede
Sustentabilidade – possuem um significado simbólico e um afago a alguns
setores do PMDB que não querem que o partido permaneça na base de apoio
do governo da presidente Dilma Rousseff (PT). Apesar do firmamento
nacional do partido, que deve apoiar o PT na candidatura da presidente
Dilma Rousseff (PT) à reeleição, os peemedebistas devem apoiar os
socialistas no pleito estadual de 2014. Do outro lado desta moeda de
troca, estaria o apoio de Campos e do PSB para reeleger o senador Jarbas
Vasconcelos. Nem o PMDB e nem o PSB confirmam esta negociação.
Já no núcleo de oposição aa Campos, os
rumos que devem guiar o PT no quadro estadual vão depender da cizânia
que corrói a sigla em Pernambuco desde as eleições municipais de 2012.
Um dos caminhos possíveis para a legenda é lançar uma candidatura
própria para o Governo do Estado– encabeçada pelo deputado federal João
Paulo (PT-PE), que, na pesquisa de intenção de votos, apareceu em
segundo lugar, com 14%.
Mas se em Pernambuco, o partido deseja
firmar posição com uma candidatura própria, especialmente após as
derrotas acachapantes sofridas no pleito estadual de 2010 (quando Campos
foi reeleito e impôs uma vitória humilhante sobre o senador Humberto
Costa) e de 2012, (quando Humberto e João Paulo perderam a disputa pela
Prefeitura do Recife por uma larga diferença para o candidato do PSB), a
direção nacional da legenda parece ter outra opinião.
Inclusive um dos maiores caciques
petistas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, já manifestou o
interesse de eleger João Paulo como senador no pleito de 2014, o que em
tese complica o projeto de uma candidatura própria. Caso João Paulo seja
lançado para o Senado, o PT, em Pernambuco, corre o risco de ficar sem
candidato forte para lançar nas eleições de 2014, tendo em conta o
desgaste político sofrido pelo senador Humberto Costa.
Nesse caminho, o caminho mais provável a
ser tomado pelo PT é fechar aliança com o senador Armando Monteiro
(PTB-PE), que já se coloca como pré-candidato do partido à disputa. A
aproximação entre PT e PTB, em Pernambuco, além de fortalecer o partido
no Estado, é praticamente uma réplica da aproximação nacional entre as
legendas, uma vez que o PTB já anunciou que irá apoiar a reeleição da
presidente Dilma. Nas pesquisas de intenção de voto do Instituto
Maurício de Nassau, Armando aparece com 33% por cento dos votos válidos.
O índice, entretanto, ainda pode aumentar, se uma aliança entre o PTB e
o PT for firmada. Os partidos assumem que dialogam constantemente, mas
ressaltam que ainda não existe nada de concreto na “paquera” em
andamento.
Enquanto PT, PSB e PSDB articulam suas
estratégias eleitorais em Pernambuco, o PSDB deve correr por fora nas
próximas eleições estaduais. Apesar dos índices alcançados pelo deputado
estadual Daniel Coelho (PSDB) nas eleições municipais de 2012, no
Recife – com 245.120 votos e na frente de Humberto Costa – são fracas as
tentativas de lançar o tucano em uma chapa para o Palácio do Campo das
Princesas. Além disso, o PSDB local, embora seja oposição ao governo do
PSDB, tem no presidente estadual, Sérgio Guerra, um simpatizante no que
diz respeito a formação de uma aliança entre as legendas em nível
estadual.
Mas talvez a grande diferença esteja
realmente junto ao eleitor pernambucano uma vez que maior do que o
índice de qualquer dos candidatos sondados pelo Instituto Maurício de
Nassau está o número de indecisos. Nas pesquisas, 31% dos entrevistados
disseram ter intenção de votar em branco ou anular o voto. Outros 21%
não responderam ou ainda não sabem em quem votar.
Este montante de indecisos ou descrentes
com o atual cenário político e que chega a 52% do eleitorado é que deve
ser trabalhado pelas legendas para fazer a diferença nas eleições 2014.
E este é um potencial que os partidos também levarão em conta no
momento de decidir pela candidatura própria ou pela formação de
alianças.
Fonte: Brasil 247
Blog do Bill Art´s