terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Estado alerta para doença misteriosa

Após mortes na Bahia e no Ceará, hipótese gira em torno de patógeno causador de surto na Austrália
O pesquisador Gúbio Soares já começou o sequenciamento genético do parechovírus
O pesquisador Gúbio Soares já começou o sequenciamento genético do parechovírusFoto: Leo Motta/Arquivo Folha

Parechovírus. Essa é a nova hipótese para o surto de uma doença misteriosa, apontada até então como mialgia aguda a esclarecer, verificada em dezembro na Bahia, mas que já teve casos suspeitos notificados no Ceará. Já são 55 pacientes com o quadro nos dois estados e duas mortes na capital baiana. Ainda não há casos suspeitos em Pernambuco.

Por segurança, o Estado disparou um alerta ainda em dezembro para que haja em até 24 horas notificação imediata de pessoas que buscarem unidades de saúde com dor muscular intensa, de início súbito, acometendo principalmente a região cervical e de trapézio, sem causa aparente e com alterações de enzimas musculares (CPK). Deverá ser feita coleta de sangue e fezes do paciente para análises. Não é indicado o uso de anti-inflamtórios ou ácido acetilsalicílico.
A enfermidade tem como caraterísticas importantes, além de dor intensa por todo corpo, a presença de urina escurecida, aumento dos níveis da enzima cretinofosfoquinase (CPK) e alterações hepáticas. Depois da suspeita de uma contaminação por peixes, pesquisadores acreditam que o surto se trate de parechovírus, um patógeno descoberto há quase dez anos que se revelou perigoso para o sistema nervoso central de crianças na Austrália.
O pesquisador da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Gúbio Soares - responsável pela descoberta do zika no Brasil - está à frente das investigações em Salvador, com apoio de cientistas da Fiocruz/BA. Com cerca de dez amostras de pacientes sendo avaliadas, inclusive em laboratórios dos Estados Unidos, Soares acredita que está perto de saber o que provocou os quadros de mialgia.

“Pessoalmente descarto que seja (uma contaminação por) peixe. Agora estamos investigando um vírus que pertence à família do picornavírus. Em amostras, cedidas pelo médico Antônio Carlos Bandeira, tenho encontrado o material genético dessa família de vírus. A suspeita é que seja o parechovírus”, disse. Ele adiantou que começou o sequenciamento genético do patógeno para conseguir um resultado conclusivo. 

Sobre as formas de contágio, o pesquisador comentou que se dá por meio de contato com fezes contaminadas depositadas em alimentos ou água, por meio de saliva, ou do contato sexual. Mesmo diante do cenário incerto, Soares comemorou o fato de que a explosão de casos parece haver estacionado em Salvador.
Segundo a Secretaria de Saúde, de 14 de dezembro de 2016 a 5 de janeiro de 2017 foram notificados 52 casos. Nos dois registros de óbito, os pacientes apresentavam outras comorbidades, que possivelmente contribuíram para o agravamento do quadro e a morte. Já no Ceará, os três casos foram notificados até o último dia 10. Destes, apenas um idoso permanece internado, mas o quadro é estável, segundo o governo estadual.
Em Pernambuco, os infectologistas acompanham com cautela a descoberta do que está provocando o quadro. “Urina escura pode ser várias causas. Sangramento, alteração hepática. Mas não sabemos se foi feito algum exame de urina para saber porque ela está assim. Nem o próprio quadro clinico está claro”, comentou o infectologista do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), Demetrius Montenegro.
ParechovírusDesconhecido, mas potencialmente danoso. Foi assim que cientistas australianos descreveram o vírus responsável por um surto entre bebês naquele país, de 2013 a 2014. Um levantamento da Australasian Society for Infectious Diseases (Asid), divulgado em 2016, verificou que, de quase cem bebês infectados, 20% apresentaram dano ao desenvolvimento.(Por: Renata Coutinho Folha PE).

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