Por Irce Falcão/Folhape
Mesmo quando filhotes, saudáveis e carinhosos, eles têm mais dificuldade para conseguir adoção - Foto: PixabayO tempo passa, muitas coisas evoluem, se tornam mais modernas, mas algumas superstições e preconceitos parecem se perpetuar. Uma delas é a de que gatos pretos significam má sorte.
Embora eventos como a Sexta-Feira 13 e o Dia das Bruxas representem situações de risco mais elevado para esses animais, a manutenção dessa crença gera consequências que independem de data.
Sofrem ainda mais os que vivem nas ruas, muitas vezes perseguidos e maltratados simplesmente por serem pretos. E o pior, por causa de uma superstição.

A superstição em torno dos gatos pretos não tem uma origem específica. Acredita-se que tenha surgido na Idade Média, a partir de uma lenda de que bruxas assumiam a forma de gatos pretos para vagarem à noite.
Lenda por lenda, por que não se apegar à do Egito Antigo, onde os gatos eram considerados sagrados e, por isso, protegidos? Ou ainda ao folclore alemão, no qual se acredita que, se um gato preto cruzar o seu caminho, passando da esquerda para a direita, coisas boas estarão no seu horizonte?

Ainda tem os marinheiros, que apreciavam a presença de gatos nas navegações por ajudarem a caçar ratos. Se fossem pretos, melhor, pois achavam que levavam sorte. E pessoas de alguns lugares da Ásia, Inglaterra, Grã-Bretanha e Irlanda torcem para encontrar o pet na rua.
"Apesar de nós, protetores e entidades de proteção animal, sempre fazermos campanhas educativas, principalmente nos dias que antecedem a uma 'Sexta-Feira 13', essa é uma data que nos deixa apreensivos, pois ainda existe muito preconceito e superstição em torno dos gatos pretos”, lamenta o protetor Renê Silva de Souza.
Isso reflete também na dificuldade maior em conseguir adoções para os felinos de cor preta. Essa coloração, aliás, não tem nada a ver com as trevas, mas como uma concentração maior de melanina. Algo genético.
"Como a falsa ideia de que eles não atraem sorte foi assimilada por muita gente, isso acaba repercutindo na busca por adotantes, pois, mesmo quando se tratam de gatos dóceis, sociáveis e vacinados, temos dificuldade de encontrar famílias para eles. E, quando aparece alguém interessado, nosso cuidado é redobrado, pois não sabemos se o interesse de adotar é legítimo ou se envolve riscos para o gatinho”, diz Renê.

“Minha mãe ainda questionou o motivo de ter escolhido um gato preto. Uma vez falou que era feio. Mas acho que ela apenas acreditava em superstições que o povo inventa, que só servem servem para trazer sofrimento para os animais”, diz Hortência, que desejou tanto um gato preto e, agora, tem dois.

O bichano, que recebeu o nome de Fé, enfrentou a resistência da mãe de Nair, que não queria mais responsabilidades com pets, mas hoje, aos sete anos, é o ‘dono da casa’, mimado por todos.

“Eu sempre quis ter gato. E sempre tive paixão por gato preto. Acho charmoso o contraste dos olhos na pelagem. Existe um preconceito social e superstições do povo dizendo que dá azar, mas isso nunca me impediu”, diz ela.