Nas coxias, mal-estar ficou nítido
Por: Renata Bezerra de MeloFOLHAPE

Paulo Câmara e Ricardo SalesFoto: divulgação
Discreto, o governador Paulo Câmara não deu um pio
sobre o assunto e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, também não
entrou no mérito. Mas, nos bastidores, o mal-estar ficou latente e nítido
depois que Salles chegou a Pernambuco, ontem, e deixou o Estado sem entrar em
contato com o socialista. No Palácio das Princesas, aguardou-se uma comunicação
formal, como é praxe, ou um contato direto telefônico do ministro com o gestor
do Estado, o que não aconteceu.
A vinda do ministro foi resultado de solicitação do
deputado Silvio Costa Filho, que entrou em contato com o Governo do Estado na
semana passada. "Isso foi na sexta-feira (contato de Silvio Costa Filho).
Passou sábado, domingo, segunda, e o ministro não deu notícias. Ninguém
formalizou nada", relatou uma fonte palaciana em reserva. Originalmente, a
ideia anunciada pelo deputado era que Salles seria recebido no Palácio das
Princesas. Mas a agenda dele, ontem, incluiu uma passagem pelo Cabo, onde
esteve ao lado do prefeito Lula Cabral, para conferir as manchas de óleo de
perto. Segundo pessoas próximas, Silvio Costa Filho também não estava sabendo
dessa agenda na praia e esteve com o ministro apenas na Capitania dos Portos,
onde Salles chegou pouco antes das 9h e saiu por volta das 9h30. Tinha previsão
de estar no hangar às 9h45, segundo informações do ministério. Ainda na manhã
de ontem, Silvio Costa Filho, em sua rede social, registrou que Ricardo Salles
teria reunião "na Capitania dos Portos com as autoridades locais". E
sublinhou: "É muito importante a presença do Governo do Estado para juntos
construírmos saídas para o enfrentamento da contenção do Óleo no nosso
litoral". Dada a ausência de contato, Paulo Câmara seguiu no aguardo no
Palácio das Princesas, mas o encontro dos dois acabou não ocorrendo. Uma fonte
palaciana lembra que o protocolo natural é haver uma solicitação por email ou,
no mínimo, um contato telefônico. "Para a gente, oficialmente, não tinha
nada", relatou a mesma fonte. Salles foi indagado sobre cobrança feita
pelo governador em relação à "improvisação das ações da União" e
limitou-se a dizer o seguinte: "Esse não é o momento de polemizar nem de
politizar. É o momento de unir esforços e resolver o problema". O ministro
chegou ao Estado quatro dias depois de as manchas voltarem a aparecer no
litoral pernambucano e, até o reforço do Exército ser anunciado anteontem, a
população estava reunindo ela mesma os esforços para tirar óleo do mar.
Quem
procura acha
Via
gabinete e pelos trâmites tradicionais, outros dois ministros procuraram o
governador do Estado ontem: Fernando Azevedo e Silva (Defesa) e Gustavo Canuto
(Desenvolvimento Regional). Paulo Câmara foi ao encontro do primeiro na
Capitania dos Portos e recebeu o segundo no Campo das Princesas.
Prévia
> Fernando
Azevedo e Silva, como a coluna cantara a pedra, havia sido procurado, no
domingo, pelo ex-ministro Raul Jungmann. Os dois têm amizade. Na segunda,
recebeu Hamilton Mourão, que saiu da reunião anunciando reforço do Exército.
Delay
> Indagado
sobre a razão de o Exército ter demorado a ser acionado, Fernando Azevedo e
Silva devolveu: "Não julgávamos necessário empregar o Exército. Quando
precisou, empregamos. Quando as manchas saíram de Salvador, recrudesceu (o
problema) e chegaram a Pernambuco por esses dias. Aí, sim".
Coleta
> Em
quatro horas ontem, o deputado federal João Campos já havia coletado 160
assinaturas para a CPI do Vazamento de Óleo. São necessárias 171 ao todo para
instalação.
50
dias > João Campos tem reforçado que são 50 dias desde que as primeiras
manchas apareceram no NE e, ainda assim, o Governo Federal "não criou
formalmente" o comitê previsto no Plano Nacional de Contingência"
para ações de emergência. Aponta "grande omissão".
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