Quase 50 países reconheceram Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela. Nicolás Maduro tem o apoio da Rússia e da China. Fotos: Arquivos / AFP
Os ministros das Relações Exteriores da China e da Rússia afirmaram nesta quarta-feira (27) que são contrários a uma ação militar na Venezuela, cujo presidente Nicolás Maduro é pressionado pelos Estados Unidos para renunciar.
O governo do presidente americano Donald Trump, hostil ao presidente socialista, considera ilegítima sua recente reeleição. A administração Trump reconheceu em 23 de janeiro o líder da oposição Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela.
Washington declarou que não descarta nenhuma opção, incluindo a militar. E o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, afirmou no fim de semana ter certeza de que "os dias de Maduro estão contados".
Enquanto o governo dos Estados Unidos apoia a tentativa atual de levar ajuda humanitária à Venezuela, o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, considerou que era um pretexto para uma intervenção armada.
"Trabalhamos com todos os países preocupados, como nós, com a ideia de uma interferência militar", afirmou em Wuzhen (leste de China), durante uma reunião trilateral programada há muitos meses com seus colegas da China e Índia. "Acredito que os Estados Unidos deveriam escutar o que pensam os países da região", completou Lavrov.
Quase 50 países reconheceram Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela. Nicolás Maduro tem o apoio da Rússia e da China. Esta última pode temer que um governo liderado pela atual oposição não pague os bilhões de dólares que Pequim emprestou a Caracas.
Washington pedirá esta semana uma votação no Conselho de Segurança da ONU para uma resolução que permita a entrada de ajuda humanitária. Moscou deve utilizar seu poder de veto. Esta ajuda inclui toneladas de alimentos e medicamentos, enviados essencialmente dos Estados Unidos a pedido de Juan Guaidó.
Mas os caminhões lotados com produtos de primeira necessidade foram obrigados a recuar no sábado, diante de um bloqueio na fronteira ordenado pelo governo de Maduro e que acabou em um confronto. Pelo menos quatro pessoas morreram e centenas ficaram feridas.
A China, tradicionalmente a favor de uma política estrangeira baseada na não interferência, optou por não tomar partido na atual crise política que abala o país latino-americano. "A questão venezuelana é por natureza um problema interno na Venezuela", afirmou nesta quarta-feira Wang Yi, o ministro chinês das Relações Exteriores, ao concordar com os comentários de seu colega russo sobre uma possível intervenção militar.
Além disso, Yi também pediu o respeito às "normas básicas das relações internacionais" e da "soberania" dos Estados.
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