A Globo, que ajudou a
depor a presidente Dilma Rousseff e hoje sustenta Michel Temer, diz que não
houve greve geral, em editorial publicado neste sábado, e avaliza a comparação
entre seu pupilo e a ex-premiê britânica Margareth Thatcher.
"Autoridades do governo Temer, no decorrer do dia,
transmitiram a mensagem correta de que o governo não recuaria nas reformas.
Houve mesmo quem fizesse um paralelo com o enfrentamento firme da primeira-ministra
britânica Margaret Thatcher, em meados dos ano 80, dos mineiros em greve. O
governo não cedeu a uma longa paralisação, e Thatcher pôde continuar com seu
programa de reformas", diz o texto.
Detalhe: no hospício em que o golpe transformou o Brasil, 7
milhões de pessoas perderam o emprego em dois anos, o rombo fiscal disparou e
instalou-se no governo um governo com oito ministros investigados no STF. Além
disso: 92% são contra as reformas Temer-Globo e veem o Brasil no rumo errado.
Leia abaixo o editorial:
A ‘greve geral’ das corporações
A chamada
greve geral convocada contra as reformas da Previdência e trabalhista foi um
retrato dos interesses que se sentem contrariados com as mudanças. São grupos
que defendem a manutenção de vantagens de sindicatos e de segmentos da máquina
do estado que se beneficiam de ganhos na aposentadoria e nos salários.
A greve foi um espelho da resistência de corporações sindicais,
e outras, a revisões cruciais para que a economia volte a crescer, e os 13
milhões de desempregados comecem a reocupar vagas no mercado de trabalho. Todos
vítimas de uma crise derivada da irresponsabilidade fiscal dos governos
lulopetistas, dos quais essas corporações também se beneficiaram.
A violência verificada ontem no Centro do Rio está dentro deste
quadro de negação dos problemas pelos quais o país passa, e reflete a defesa de
benefícios que o Estado do Rio de Janeiro, quebrado, não pode mais
sustentar.
Tem sido este o padrão de manifestações enquanto tramita, com
dificuldade, na Assembleia Legislativa (Alerj), a aprovação de contrapartidas à
ajuda da União, por sua vez ainda na dependência do Congresso. Nada adianta
queimar ônibus, ato em prejuízo da grande massa que usa o meio de transporte.
Desde cedo, os organizadores da greve trataram de bloquear
estradas, vias importantes nas cidades, estações terminais de coletivos etc.,
para impedir a circulação das pessoas.
A intenção era evitar ao máximo o acesso aos locais de trabalho.
Se sindicatos não têm representatividade para que braços sejam cruzados por
decisão própria, que se bloqueiem ruas e estradas. Assim foi feito. A Ponte
Rio-Niterói chegou a ser paralisada por piquete. Em São Paulo, a tática foi a
mesma, também com o uso de barreiras feitas com pneus em chamas. No final da
tarde, a CUT, central sindical do PT, estimou que 35 milhões fizeram greve.
Impossível saber ao certo.
Mas não se pode desprezar o fato político, por mais previsível
que fosse ele, com seus esperados participantes — militantes desgostosos da
possibilidade do fim do imposto sindical, por exemplo.
Autoridades do governo Temer, no decorrer do dia, transmitiram a
mensagem correta de que o governo não recuaria nas reformas, confirmada depois
por nota do presidente. Até porque não pode, diante da situação do país. Houve
mesmo quem fizesse um paralelo com o enfrentamento firme da primeira-ministra
britânica Margaret Thatcher, em meados dos ano 80, dos mineiros em greve. O
governo não cedeu a uma longa paralisação, e Thatcher pôde continuar com seu
programa de reformas.
Guardadas as diferenças de época e de países, o exemplo remete
para a necessidade, principalmente do Congresso, de entender as causas dessa
resistência e perceber que a grande maioria que não foi às ruas ontem é que
será prejudicada em qualquer recuo. (247).
Blog do BILL NOTICIAS