segunda-feira, 14 de agosto de 2017

A meta de Temer é a que ele conseguir


Michel Temer é aquele aluno que passa de ano com a nota que conseguir porque é o dono da escola. Se a média for seis e ele tirar seis, ótimo. Mas se levar cinco, passa assim mesmo. Se conseguir quatro, três, dois, um, zero... tanto faz porque ele já está aprovado por antecipação.
Portanto, se a nota meta fiscal de 2017 vier a ser de um rombo de R$ 159 bilhões, como quer a equipe econômica, ou de R$ 170 bilhões negativos, como defende o senador Romero Jucá (PMDB-RO), não faz a menor diferença. Temer e seu ministro Henrique Meirelles continuarão dizendo que estão ajustando as contas públicas enquanto produzem o maior desastre fiscal da história do País. E o mercado fingirá que nada está acontecendo até o inevitável estouro da boiada – que provavelmente será atribuído ao "risco Lula".
Nunca é demais lembrar que Temer chegou ao poder depois da construção de uma farsa: a de que a presidente Dilma Rousseff havia quebrado o País com as suas "pedaladas fiscais". Pois no primeiro mandato de Dilma os resultados das contas públicas foram quase sempre positivos, com ganhos de R$ 128,7 bilhões em 2011, R$ 105 bilhões em 2012, R$ 91,3 bilhões em 2013 e um pequeno déficit de R$ 32,5 bilhões em 2014. Saldo final: R$ 292,5 bilhões, no azul.
Depois disso, ela não mais governou. Em 2015, o Brasil foi comandado pela política do "quanto pior, melhor", fruto da aliança entre o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que cavou um rombo fiscal de R$ 111,2 bilhões. Em 2016 e 2017, os dois anos da gestão Temer-Meirelles, os rombos acumulados serão de R$ 315 bilhões ou R$ 335 bilhões, a depender do tamanho da meta. Ou seja: ambos terão jogado fora tudo aquilo que Dilma conseguiu economizar. E se isso não bastasse ainda estão programando para 2018 um rombo na casa de R$ 159 bilhões.
Por mais que os números provem que a política fiscal de Dilma foi muito mais consistente e responsável do que a de Temer, o discurso hegemônico será o de que a "nova matriz econômica", dos ex-ministros Guido Mantega e Nelson Barbosa, quebrou o Brasil. Com Dilma, no entanto, a arrecadação federal era de 22% do PIB. Com Temer e Meirelles, ela caiu para 20% justamente porque se produziu uma depressão econômica inédita na história do País. Isso significa que o governo federal está arrecadando R$ 130 bilhões a menos por ano, com impostos e contribuições.
Por mais que tenha ampliado desonerações, Dilma governava com o objetivo de manter a economia aquecida, garantindo empregos, investimentos e programas sociais. Com Temer, o investimento público foi reduzido a praticamente zero e o pequeno colchão de proteção social vai sendo liquidado. O Brasil perde de 7 a 1, mas finge estar vencendo o jogo. Paradoxalmente, a mudança de poder provocada pelo rentismo poderá levar ao estouro da dívida interna. A ver. (247).


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