
Possivelmente o motorista que invadiu o Palácio da Alvorada com um carro, na noite de ontem, seja apenas um jovem confuso ou desequilibrado, mas o fato foi um sinal dos tempos. Até o final da noite as autoridades haviam informado apenas que ele acelerou abruptamente ao chegar à guarita e adentrou os jardins do Alvorada. Os seguranças atiraram e ele se refugiu na capela, sendo capturado sem ferimentos.
Se fosse um atentado ou uma ação de natureza claramente política, o alvo teria sido o Jaburu, onde reside Temer. Mas o Alvorada continua sendo o símbolo mais forte da Presidência, sendo mais conhecido até do que o Planalto, por conta de suas colunas inconfundíveis. Devemos procurar o significado do ato inconsequente e perigoso desse jovem. Ele sabia que sua ousadia teria consequências. Que poderia inclusive ter levado um tiro e perdido a vida. Se achava que o presidente residia ali, tanto pior. Quando começam a surgir na sociedade indivíduos dispostos a correr perigos para externar suas insatisfações, é sinal de que as coisas vão muito mal.
No Brasil deste momento o alto grau de insatisfação salta aos olhos e borbulha em todas as pesquisas. Há insatisfação com tudo e uma rejeição de 97% dos brasileiros ao presidente da República, que perdeu completamente as condições de governar ou reinventar seu governo mas continua agarrado ao cargo. Estamos chegando a um estado de anomia social, em que espocam comportamentos inadequados e irracionais para explicitar a frustração e o descontentamento. Nas camadas mais pobres da sociedade, os insatisfeitos escapam do ordenamento social buscando as drogas, a violência, o narcotráfico, as organizações criminosas. Nas classes médias costumam surgir outras válvulas de escape, como ações anarquistas e terroristas.
O prolongamento da crise, que passa pela permanência de Temer na Presidência, vai cobrar um custo elevado dos brasileiros. Prestemos atenção nos sinais da frustração. (247).
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