Em entrevista à
RedeTV, Michel Temer deu demonstração de desprezo à maior mobilização política
da Igreja Católica desde redemocratização, ao dizer que apenas "parte da
CNBB" reprova as reformas.
"Não é bem a Igreja Católica [que faz essa oposição]. Você
sabe que é uma parte da igreja Católica. Melhor me expressando, é talvez uma
parte da CNBB e nada mais do que isso", disse Temer. "E o que está
acontecendo com uma parte da CNBB, não é que eles estejam contra, é que eles
fazem uma coisa que a Igreja sempre fez, que é proteger os pobres".
A
mobilização da Igreja Católica reuniu 89 arcebispos e bispos contra as reformas
trabalhista e da Previdência e em apoio à greve geral do dia 28 de abril, que
são rejeitadas por praticamente 100% da população (relembre
aqui).
Confira reportagem da Agência Brasil sobre o assunto:
Temer diz que apenas "parte da CNBB" é contrária às
reformas
O presidente Michel Temer disse que apenas "parte da Igreja
Católica" faz críticas às reformas trabalhista e previdenciária que estão
sendo tocadas por seu governo. Segundo ele, as críticas públicas feitas por
alguns integrantes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) não
representam a posição da entidade, mas a histórica posição da igreja em
"proteger os pobres".
A declaração foi feita em entrevista concedida ontem (4) à Rede
TV News. "Não é bem a Igreja Católica [que faz essa oposição]. Você sabe
que é uma parte da igreja Católica. Melhor me expressando, é talvez uma parte
da CNBB e nada mais do que isso", disse o presidente. "E o que está
acontecendo com uma parte da CNBB, não é que eles estejam contra, é que eles
fazem uma coisa que a Igreja sempre fez, que é proteger os pobres",
acrescentou.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) publicou nota
no mês passado, em conjunto com o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB) e o Conselho Federal de Economia (Cofecon), contra a reforma da
Previdência. Em nota, as três entidades disseram que é necessário que a
sociedade brasileira esteja atenta às "ameaças de retrocessos". Em
março, após reunião de três dias, os dirigentes da Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil (CNBB) já haviam se manifestado em relação ao tema, afirmando
que a Proposta de Emenda à Constituição 287/2016 reduz a Previdência a uma
questão econômica e "escolhe o caminho da exclusão social".
Temer disse ter se encontrado com o presidente da CNBB, Dom
Sérgio, a quem esclareceu muitos pontos da reforma. "Eu expliquei a
verdade sobre a Previdência. Eu já tinha falado com Dom Odilo, com Dom Cláudio
Hummes, depois falei com o Dom Damasceno. Combinamos que eu mandaria uma
correspondência para os 78 ou 80 bispos que fazem parte de um núcleo principal
da CNBB, esclarecendo as questões da Previdência", disse o presidente.
"Como essas informações não chegaram por completo e não
chegaram por inteiro a todos os setores da Igreja Católica, há um ou outro
setor que se opõe, até publicamente [às reformas]. Eu acho que, muito
brevemente, pelas medidas todas que nós estamos tomando, nós vamos conseguir,
revelando a verdade, fazer com que a Igreja também partilhe dessa
verdade", acrescentou.
Ainda durante a entrevista, Temer disse que após a aprovação das
reformas trabalhista e previdenciária, dedicará esforços às reformas política e
tributária. "Você sabe que nós vamos fazê-las, logo depois que encerrar
esse primeiro ciclo [de reformas]. Vamos para duas outras reformas. Uma delas
não será exatamente uma reforma, mas uma simplificação que significa
desburocratização dos meios de pagamento dos tributos", disse ele.
"Já estamos fazendo isso nos chamados despachos aduaneiros.
Fizemos isso na área da agricultura, e vamos fazer em toda área tributária.
Como o Congresso quer fazer uma reforma política, eu creio que esta é também
fundamental para o País. Portanto, vamos caminhar para a reforma política,
auxiliando o Congresso [a fazê-la], porque essa é uma tarefa do
Congresso", acrescentou.
Financiamento de campanha
Temer manifestou preocupação com a possibilidade de o Supremo
Tribunal Federal decidir que, nas eleições de 2018, empresas privadas sejam
proibidas de financiar campanhas eleitorais. "Espero que isso [decisão do
STF] não seja levado às últimas consequências, porque será muito ruim. Quem for
candidato agora em 2018, sem financiamento privado, vai ter dificuldade
extraordinária".
"Sempre fui a favor da contribuição de pessoa jurídica a
candidatos, desde que fosse para um candidato. Porque você, quando você faz uma
contribuição, eu pessoa física, contribuo para sua candidatura, é porque eu
acredito em você. O que aconteceu no Brasil foi que, ao longo do tempo, as
pessoas jurídicas contribuíam indistintamente", argumentou.
Ainda sobre o STF, Temer disse não acreditar que a decisão de
soltar presos provisórios como o ex-ministro José Dirceu abra precedentes que
possam representar derrota para a Lava Jato. "Derrota? Meu Deus do Céu, o
País, o Judiciário é feito de instâncias. Tem o primeiro grau de jurisdição,
segundo grau de jurisdição, terceiro grau de jurisdição e o STF. É por
instâncias, não há derrota. Há, muitas vezes, revisão", disse. "O que
não pode haver é briga entre as instâncias, porque são instâncias
diversas", acrescentou. (Via:247).
Blog do BILL NOTICIAS