sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Pequena Restrospectiva 2017: A segurança pública em debate

Ano foi marcado por investimentos na segurança, mas também por crimes e números da violência que chocaram a população
Morte de Mirella
Morte de MirellaFoto: Leo Motta/Arquivo Folha

O ano foi de extremos na segurança pública. Marcado por investimento recorde de R$ 290 milhões, anunciado pelo Governo do Estado para recompor o efetivo e equipamentos, 2017 teve 1,5 mil novos policiais militares nas ruas e até a criação de uma tropa de elite. Também foi o ano em que o debate sobre o feminicídio se aprofundou na sociedade, após um crime que chocou Pernambuco – o assassinato da fisioterapeuta Tássia Mirella.
Mas, no extremo negativo, 2017 também foi quando o Estado atingiu cinco mil homicídios, número nunca antes registrado desde que se faz a contagem. Também foi o ano em que um assalto cinematográfico ocorrido poucos dias antes do Carnaval amedrontou moradores da Capital, e que policiais se viram envolvidos em casos polêmicos, como o que veio à tona após a morte de um morador de Itambé durante um protesto que pedia mais segurança na cidade.Pernambuco também se viu revivendo, em 2017, uma tragédia de sete anos atrás. Enchentes na Mata Sul deixaram mortos e milhares de desabrigados ou desalojados. No fim do ano, outro drama: a morte de três pessoas num acidente de trânsito na Zona Norte do Recife. A causa: a junção de álcool e alta velocidade ao volante. O motorista responsável pelo crime está na cadeia. A seguir, esses e outros fatos do cotidiano de Pernambuco em 2017 são relembrados:
JANEIRO 

Crise nos presídiosEnquanto rebeliões e mortes nos presídios do Norte do Brasil chamavam atenção do País, em Pernambuco, os flagrantes de uma farra com bebidas e drogas na Colônia Penal Feminina do Recife e da exposição de armas por presos do Complexo do Curado, além da fuga de presos de uma penitenciária que deveria ser de segurança máxima em Tacaimbó, revelaram o descontrole do Estado para conter um poder paralelo que se alimenta de negligências, descasos e violações. O ano começou com a promessa do Governo Federal de que cinco presídios federais seriam construídos no País, um em cada região. O do Nordeste ficaria em Pernambuco, mas, até agora, nenhuma definição sobre isso avançou. (Folhape).


FEVEREIRO
Assalto cinematográficoEm 21 de fevereiro, às vésperas do Carnaval, um assalto digno de grande produções cinematográficas deixou a população do Estado aterrorizada. Cerca de 20 homens fortemente armados realizaram uma série de ataques no bairro da Estância, Zona Oeste da Capital, para roubar R$ 60 milhões da empresa de segurança Brinks, instalada na avenida Recife. Seis meses depois, envolvidos foram presosem vários estados. Na época, parte deles era suspeito de ter atuado em explosões de caixas eletrônicos próximos ao Instituto Ricardo Brennand, também no Recife.

Mais de 30 são suspeitos de participar do mega assalto à Brinks
Mais de 30 são suspeitos de participar do mega assalto à Brinks -
 Foto: Flávio Japa/Arquivo Folha
MARÇO
Matadouros em agoniaDiante da repercussão da Operação Carne Fraca em todo o País, a Folha de Pernambuco percorreu parte do Agreste do Estado para mostrar a situação de matadouros públicos que estavam na mira do Ministério Público. No lugar de lugares higienizados, conforme a legislação pede, o cenário era de sujeira e irregularidades na manipulação dos produtos, com abutres e outros animais disputando sobras de carne bovina. Prefeituras e o Governo do Estado afirmaram estar buscando soluções, como a centralização de atividades em matadouros regionais.
Matadouro de Cupira
Matadouro de Cupira - Foto: Alfeu Tavares/Arquivo Folha

ABRIL
Feminicídio chocou PernambucoEm 5 de abril, a fisioterapeuta Tássia Mirella de Sena Araújo, 28 anos, foi morta e estuprada em seu apartamento, em Boa Viagem, Zona Sul do Recife, por um vizinho. Edvan Luiz da Silva, 32, foi preso e virou réu na Justiça. Deve ir a júri popular. No mesmo mês, outro crime de repercussão: o jovem Edvaldo Alves morreu vítima de um tiro disparado por um policial militar durante um protesto da população em Itambé, na Mata Norte do Estado. O caso foi flagrado por imagens divulgadas na internet. Em agosto, a Justiça determinou que dois dos quatro PMs envolvidos fossem afastados das atividades nas ruas. O processo deles segue tramitando.
Mortes de Tássia Mirella (esquerda) e Edvaldo marcaram o ano
Mortes de Tássia Mirella (esquerda) e Edvaldo marcaram o ano - Foto: Alfeu Tavares/Folha de Pernambuco e Cortesia
MAIO
Chuvas e calamidade no InteriorAs chuvas do fim de maio atingiram níveis não registrados nos últimos seis anos e trouxeram mortes e transtornos à Zona da Mata Sul e ao Agreste do Estado. Escolas e hospitais ficaram sem condições de atendimento, até mesmo para abrigar as mais de 30 mil pessoas desalojadas em 15 municípios. O cenário repetiu a tragédia de 2010 e reacendeu a cobrança pela conclusão das barragensprometidas para a região. A obra de parte delas está sendo relicitada. Foi montada uma operação de emergência que trouxe, inclusive, o presidente Michel Temer ao Recife para anunciar apoio. Em paralelo, a população se mobilizou em todo o Estado para fazer doações às vítimas.
Chuvas em Barreiros
Chuvas em Barreiros - Foto: Alfeu Tavares/Folha de Pernambuco
JUNHO
Segurança pública ganha tropa de eliteO Governo do Estado, que já havia anunciado um Plano de Segurança com investimentos de R$ 290 milhões, sancionou, em 5 de junho, a lei que o criou o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), uma derivação da antiga Companhia Independente de Operações Especiais (Cioe). O grupo já tinha 120 militares treinados e foi turbinado com mais 144 policiais, totalizando 264. O objetivo era reforçar a atuação em incidentes críticos, como sequestros e desativação de bombas, além do crime organizado. Foi uma aposta do então secretário de Defesa Social, Angelo Gioia, para reverter indicadores negativos. No segundo semestre, a Secretaria de Defesa Social poria nas ruas 1,5 mil novos policiais militares.
Primeiro Curso de Formação do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE)
Primeiro Curso de Formação do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) - Foto: Ed Machado/Folha de Pernambuco
JULHO
Microcefalia mata 124 bebês em PernambucoA Secretaria Estadual de Saúde (SES) lançou, em julho, as Diretrizes de Vigilância Epidemiológica das Síndromes Congênitas Relacionadas à Infecção pelo Vírus Zika e Outras Etiologias Infecciosas em Pernambuco. A partir dele, começou a estabelecer critérios para a padronização da doença. Com a normatização, passou a ser possível definir melhor a investigação sobre as mortes suspeitas pela síndrome, que soma 102 óbitos na fila por respostas. Até este mês, 124 óbitos foram reportados à SES, número bem superior ao de outras infeções congênitas como sífilis e HIV.
Microcefalia
Microcefalia - Foto: Alfeu Tavares/Folha de Pernambuco
AGOSTO
Tráfico alavanca alta de homicídiosOs 3.322 assassinatos registrados entre janeiro e julho foram o número recorde para o período em Pernambuco. Segundo o Governo do Estado, o consumo e a venda de entorpecentes estava por trás, direta ou indiretamente, de 70% das mortes violentas. O dado local tinha relação com um terço do aumento nacional da quantidade de homicídios neste ano - quase 28 mil no Brasil, ante 26,4 mil, no primeiro semestre de 2016.
Usuário de drogas fuma pedra de crack no bairro de Santo Amaro
Usuário de drogas fuma pedra de crack no bairro de Santo Amaro - Foto: Ed Machado/Folha de Pernambuco
SETEMBRO
Registro de feminicídio passa a ser obrigatórioA repercussão do assassinato da fisioterapeuta Tássia Mirella de Sena Araújo, em abril, mobilizou a sociedade e as autoridades. Um decreto assinado pelo governador Paulo Câmara, em setembro, inseriu Pernambuco entre os quatro estados do País a colocar o feminicídio como motivação nos boletins de ocorrência. De janeiro a agosto, o Estado tinha a soma de 69 mulheres que morreram pela condição de gênero. A data da morte de Mirella também passará a ser lembrada como Dia de Combate ao Feminicídio no Estado.
Feminicídio
Feminicídio - Foto: Rafael Furtado/Folha de Pernambuco
OUTUBRO
Noronha tem novas espéciesDoze novas espécies de esponja do mar, recém-descobertas pela ciência, foram encontradas em litoral nordestino, sendo sete delas nos arquipélagos de São Pedro e São Paulo e de Fernando de Noronha, ambos em Pernambuco. Entre as esponjas descobertas no fundo das águas de Noronha, a Ernstia solaris chama atenção pela sua cor amarelada a verde limão. Já no arquipélago de São Pedro e São Paulo, outra espécie achada foi a Ernstia sanctipauli. De cor branca e consistência frágil, foi encontrada numa pequena gruta submersa a dez metros de profundidade.
Novas esponjas descobertas
Novas esponjas descobertas - Foto: Cortesia
NOVEMBRO
Acidente de trânsito comove o RecifeA combinação de bebida, imprudência e alta velocidade foi a causa do acidente que deixou um menino e duas mulheres mortas na noite de 26 de novembro. O estudante João Victor Ribeiro de Oliveira Cabral, 25 anos, dirigia o carro do pai quando avançou o sinal vermelho no cruzamento da avenida Conselheiro Rosa e Silva com a rua Cônego Barata, no bairro da Tamarineira, Zona Norte do Recife. Ele colidiu em cheio com o carro das vítimas. Sobreviveram ao acidente o advogado Miguel Arruda da Motta Silveira Filho, 45 anos, e a filha dele, Marcela Guimarães da Motta Silveira, 5, que segue internada. João Victor está preso e virou réu por homicídio e tentativa de homicídio, crimes que, com penas somadas, podem resultar em mais de 70 anos de prisão.
Colisão na Tamarineira
Colisão na Tamarineira - Foto: Rafael Furtado/Folha de Pernambuco
DEZEMBRO
Cinco mil homicídios e ações abusivas de flanelinhasEm 15 de dezembro, a Secretaria de Defesa Social (SDS) confirmou que, de janeiro até novembro, Pernambuco registrou mais de cinco mil homicídios, um número recorde desde que a contagem de crimes desse tipo passou a ser feita pelo DataSUS, em 1979. A informação havia sido antecipada pela Folha de Pernambuco em 29 de novembro. O jornal também publicou, em dezembro, uma reportagem sobre ações abusivas praticadas por flanelinhas no Recife. Algumas delas são consideradas crimes e mobilizaram a Polícia Militar a fazer várias abordagens no Bairro do Recife. Para 2018, são esperadas outras ações em parceria com a Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano da Prefeitura da Capital.(Folhape).
Homicídio em Dois Unidos, no Recife
Homicídio em Dois Unidos, no Recife - Foto: Rafael Furtado/Folha de Pernambuco



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