sexta-feira, 26 de abril de 2019

Venezuelanos estão reconstruindo sonhos

  Por: Diario de Pernambuco
Foto: Arquivo pessoal
Foto: Arquivo pessoal

O plano dos venezuelanos Lerderis Sierra, de 28 anos, e Brainerd Hernandez, 36 anos, precisou mudar. Várias vezes. A crise instalada no país obrigava o casal, no ano passado, a abandonar familiares, empregos e tudo que construíram. Foi preciso fugir do caos e o caminho foi o Brasil, mais precisamente Roraima. Mais uma saga. Por quase um ano, a professora de música e o coordenador de recursos humanos vivem à espera de doações e de orações por dias melhores. A virada parece começar a acontecer. Um projeto da Datamétrica Contact Center, que promove integração social por meio do emprego, viabilizou em Pernambuco o que o casal agora chama de reconstrução. A saudade segue em alta, mas o acolhimento local tem sido revigorante.

“Ninguém sonha em sair do seu país como a gente teve que sair. Você espera que as coisas melhorem sempre. Saímos há um ano e só piorou por lá (Venezuela). Mas em Roraima, a gente seguiu sem oportunidades de voltar a ter uma vida normal, com trabalho e casa, por exemplo”, lembrou Lerderis. “Quando a gente soube das vagas em Pernambuco, veio a esperança de recuperar parte da vida normal”.

Trata-se de uma ação da Datamétrica Contact Center, que busca dar oportunidades a refugiados com a integração das pessoas nas operações bilíngues do grupo. Ana Catarina Sobral, gerente de RH da Datamétrica, explica que a proposta é clara pela empregabilidade, mas tem um reforço de cunho social.

“Dentro dos nossos processos internos, a gente avaliava como poderia colaborar com essas pessoas, que precisaram sair de casa, do seu país e que não tinham mais como viabilizar a manutenção de coisas básicas de uma família. Então procuramos o grupo de venezuelanos para o processo seletivo de duas vagas. Oito pessoas participaram até chegarmos ao casal. Os dois atenderam aos requisitos e já estão em treinamento para a unidade Olinda da nossa operação”, detalhou.

A vontade de mostrar serviço já é notória, Ana Catarina adianta. “O que você observa não é apenas um profissional querendo se firmar no trabalho novo. São pessoas querendo nova oportunidade de vida. Estão respondendo muito bem ao trabalho, mostrando determinação, valorização do emprego. Fizemos um acolhimento diferente para eles na empresa. Apresentamos as pessoas, integramos para que eles não se sentissem pessoas estranhas no nosso ambiente de trabalho, para que essa mudança não fosse mais uma ruptura traumática. Tanto que, espontaneamente, muitos já estão ajudando a procurar apartamento para eles perto da unidade, mostrando a cidade, e fazendo o dia a dia mais leve. É quando você pondera o peso que se dá aos problemas. Resgatar a vida deles gerou reflexão de vida. Por isso, espero que esse projeto não pare nesses dois”.

Brainerd não nega a saudade grande da antiga rotina, mas já consegue visualizar dias melhores à frente. “Eu sinto falta e sei que é normal sentir isso. Ficou por lá uma parte nossa. Tínhamos família perto, trabalho de muito tempo e outras coisas, como projetos sociais em ONGs. Mas estranhei ao chegar aqui. Na empresa, todos muito agradáveis, nos fizeram sentir como família. Nos perguntam como estamos, como a nossa família está na Venezuela, como é a nossa história. Parece um lugar e um momento bom para seguir a vida”, reiterou.



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