Um relatório produzido pelo Cremepe
(Conselho Regional de Medicina de Pernambuco) e pelo Sindicato dos
Médicos do Pernambuco aponta que o Hospital da Restauração, no Recife,
sofre com uma série de problemas como superlotação, falta de vagas para
UTI (Unidade de Terapia Intensiva), deficiência no sistema elétrico e
desrespeito aos acompanhantes de pacientes, que precisam dormir no chão.
O Hospital da Restauração é a maior
unidade de atendimento de urgência e emergência do Norte e Nordeste com
723 leitos. O hospital realiza 23.000 atendimentos por mês, entre
emergenciais e ambulatoriais, feitos por mais de 3.500 funcionários.
O relatório divulgado nesta quinta-feira
(21) foi produzido após visita realizada na última segunda-feira (18).
Os fiscais encontraram corredores e enfermarias superlotadas, com
pacientes em cima de macas. Em alguns casos, é possível ver pacientes em
macas praticamente encostadas nas outras por falta de espaço.
Segundo o documento, na área de
traumatologia, por exemplo, havia 27 pacientes, quando a capacidade
máxima é de 23. “Há 15 dias havia 57 pacientes”, informaram as
entidades.
O relatório também apontou para a falta medicamentos essenciais, como Tramal (analgésico para pessoas com dor intensa).
Porém, segundo o fiscal do Cremepe,
Sylvio Vasconcellos, o problema mais grave do hospital é a precariedade
da instalação elétrica. Ele disse que, por conta da sobrecarga, os
plantonistas precisam escolher se ligam o monitor ou o respirador.
Na sala vermelha da clínica médica
–destinada a atendimento de casos graves–, havia 10 pacientes internados
há mais de 10 dias. “Eles deveriam passar o menor tempo possível no
local”, alerta Vasconcellos.
A sala vermelha também abrigava oito
pacientes com ventilação mecânica, que deveriam estar na UTI. Além
disso, só haveria uma pia, sem sabão, e a unidade não oferece condições
de estar médico satisfatória.
Segundo o presidente do Cremepe, Sílvio
Rodrigues, o problema das unidades de saúde pública em Pernambuco
deve-se ao pouco investimento no setor.
“Tudo isso está atrelado ao
financiamento, que também está atrelado ao governo federal. Precisamos
discutir essa questão, pois senão essas unidades continuarão da mesma
forma”, disse.
“Todos os relatórios serão encaminhados
ao Ministério Público, às secretarias, mas, além disso, vamos criar uma
resolução sobre as condições mínimas de alojamento de emergência.
Esperamos concluir ainda esse ano e encaminhar para as unidades”,
informou.
Reforma
Em nota, o Hospital da Restauração se
limitou a dizer que a unidade passa por reforma, o que justificaria
alguns dos problemas encontrados.
“O Hospital da Restauração está passando
por uma profunda reforma estrutural desde o mês de julho passado em sua
emergência o que naturalmente causa alguns transtornos, mas em breve
estará dotada de todas as condições necessárias para o melhor
atendimento aos seus pacientes”, informou.
Ainda segundo a direção do Hospital, “no
Termo de Fiscalização assinado pelo médico fiscal Sylvio Vasconcellos,
no HR não foi constatado nenhuma irregularidade.”
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