terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Venezuelanos no Recife terão oportunidade de recomeçar, diz Cáritas Brasileira

Nesta segunda, 117 refugiados desembarcaram na Base Aérea do Recife. Destes, quinze foram acolhidos no município de Igarassu
  Por: Mirela Araújo
Refugiados venezuelanos são acolhidos em Recife pela Cáritas Brasileira, na Unicap
Refugiados venezuelanos são acolhidos em Recife pela Cáritas Brasileira, na UnicapFoto: Brenda Alcântara/Folha de Pernambuco


Um grupo de 117 refugiados da Venezuela desembarcou na tarde desta segunda-feira (17) na Base Aérea do Recife, no bairro do Jordão, na Zona Sul da capital pernambucana. O acolhimento dos refugiados é resultado de um acordo entre o Governo de Pernambuco, a Secretaria Nacional da Casa Civil e o Comitê Federal de Assistência Emergencial.

Após o desembarque, um grupo de 102 pessoas deixou a base aérea e seguiu para a Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), no bairro da Boa Vista, área central do Recife. Acompanhados por um comboio de 22 veículos oficiais do Exército — incluindo ambulâncias —, eles foram acolhidos na Casa de Direitos, no bloco A da Unicap. 

"Estamos recebendo estas pessoas com todo carinho do mundo para integrá-las à comunidade. Elas terão uma nova oportunidade de recomeçar suas vidas, ficarão em 12 apartamentos e receberão assistência da Casa de Direitos, que conta com uma equipe multidisciplinar para oferecer apoio psicossocial, trabalhista e linguístico", disse o diretor da Cáritas BrasileiraAngelo Zanré.

Zanré informou que, ao todo, serão 204 venezuelanos acolhidos no Recife. Eles estão divididos em dois grupos. Cento e dois refugiados chegados nesta segunda e os outros 102 que devem desembarcar ao Brasil em maio de 2019. "Esse trabalho precisa ser bem feito e de forma rápida", completou. 


Segundo, o mecânico Daniel Zanbrano, 35 anos,  que veio acompanhado de sua esposa, a professora Raysel Guarez, 33 anos, e os três filhos pequenos, a vida na Venezuela era boa. Eles tinham casa, carro e viviam bem. Mas tiveram que abandonar tudo, na cidade de Guaracá, na esperança de um futuro mais próspero. Há cinco meses eles estão no Brasil, ficaram na cidade de Boa Vista, em Roraima, mas são poucas as oportunidades de emprego oferecidas na região devido ao grande número de imigrantes venezuelanos. “É muito doloroso saber que na Venezuela tínhamos casa, carro, vivíamos bem até tudo decair, e depois tivemos que migrar para outro país dormir no chão, nem sempre ter comida boa. Mas, estamos muito agradecidos pela ajuda da Cáritas e a Deuspor tudo”, lamentou Zanbrano, que conseguiu trabalhar como pedreiro no período que esteve em Roraima. Ao olhar para seus filhos, Raysel disse que só tem uma coisa em mente, “que eles tenham uma educação melhor e uma vida mais estável”. 

Quando questionadas sobre o desejo de Natal, as famílias são unanimes ao responderem que querem um trabalho digno para reconstruírem suas vidas, além de alimentarem o sonho de poderem, um dia, regressar ao seu país de origem. “A situação começou a piorar quando não conseguíamos mais ter o sustento para a comida. Tudo ficou muito difícil. Esperamos que a situação possa melhorar para revermos toda a nossa família, assim como conseguíamos reunir a todos no Natal. Sonhamos todos os dias com isso”, afirmou Rafael Guarez, de 24 anos, que veio para o Recife acompanhado de sua esposa Gobardri Alvarez, 24 anos e da filha pequena de cinco anos.
Igarassu
Um outro grupo menor, com 15 refugiados, seguiu para o município de Igarassu, onde foi acolhido pela ONG Aldeias Infantis SOS. Esta é a terceira vez que Pernambuco recebe venezuelanos desde que o Governo Federal iniciou, em abril, o processo de interiorização do fluxo migratório desses estrangeiros. No dia 3 de julho, 115 imigrantes desembarcaram no Recife vindos de Boa Vista (RR). Setenta seguiram também para o município de Igarassu, onde foram acolhidos nas Aldeias Infantis, e 45 tiveram como destino a cidade de João Pessoa (PB), onde receberam abrigo da Pastoral do Migrante da Paraíba.

Em 18 de setembro, trinta outros refugiados também foram acolhidos pelas Aldeias Infantis. De acordo com representantes da ONG, a comunidade tem recebido bem os imigrantes e são solidários à história de sobrevivência que eles enfrentaram até chegarem ao Brasil. Para os representantes, o maior desafio tem sido a inclusão dos refugiados no mercado de trabalho formal.
Chegada dos novos refugiados venezuelanos na Base Aérea do Recife
Chegada dos novos refugiados venezuelanos na Base Aérea do RecifeFoto: Brenda Alcântara/Folha de Pernambuco


102 refugiados da Venezuela ficarão alojados no Recife com apoio da Cáritas Brasileira
102 refugiados da Venezuela ficarão alojados no Recife com apoio da Cáritas BrasileiraFoto: Brenda Alcântara


Daniel Zanbrano e sua família esperam conseguir emprego no Recife para reconstruirem suas vidas
Daniel Zanbrano e sua família esperam conseguir emprego no Recife para reconstruirem suas vidasFoto: Brenda Alcântara


Rafael Guarez sonha em poder voltar a Venezuela para reunir sua família
Rafael Guarez sonha em poder voltar a Venezuela para reunir sua famíliaFoto: Brenda Alcântara



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