segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

VIDA PLENA - Saber respirar é o caminho para viver melhor

    Por: Irce Falcão
Através do controle da respiração, Emilia aprendeu a equilibrar suas emoções
Através do controle da respiração, Emilia aprendeu a equilibrar suas emoçõesFoto: Léo Malafaia/Folha de Pernambuco


Inspirar. Expirar. Inspirar. Expirar. O ato de respirar é tão natural que nem percebemos o quanto ele mexe com o nosso corpo. Em definição simples, a respiração consiste na troca de gases entre o organismo e o meio-ambiente. Inspiramos oxigênio para alimentar as células e liberamos dióxido de carbono. Mas, para isso acontecer, existe um universo por trás do “inspira e expira”. Um verdadeiro trabalho em equipe envolvendo músculos, artérias, hemácias...

E, embora todos já nasçam sabendo respirar, poucos têm ideia que esse processo, tão automático quanto essencial, pode ser uma importante ferramenta para melhorar a qualidade de vida. “Em todas as medicinas do mundo, exceto a alopática, olha-se com muita atenção e carinho para a respiração, porque é a principal ferramenta para liberar e receber novas energias”, diz a acupunturista, fitoterapeuta e terapeuta holística, Jamile Coelho.

A respiração é um processo autônomo, acontece sem termos que pensar nela. Ao nascer, temos uma mecânica natural exemplar. É só reparar como a barriguinha dos bebês enche e murcha, um movimento perfeito do diafragma, um dos tantos órgãos envolvidos nessa força-tarefa.

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Com o passar dos anos, sobretudo na vida adulta, afetados pelo estresse, encurtamos essa ação, utilizando na maior parte do tempo apenas a região torácica. Não que isso vá causar um problema respiratório clínico, até porque esse sistema reage e se adapta às emoções transmitidas pelo sistema nervoso. Tentar monitorar a respiração o tempo todo não é indicado e nem benéfico.

Mas parar por alguns minutos para focar no trabalho do corpo dentro desse processo é um caminho para desacelerar o ritmo e neutralizar o estresse cotidiano. Ao atingir um nível de relaxamento do sistema nervoso, todo o corpo é beneficiado, seja no aspecto físico, diminuindo tensões musculares, e, principalmente, no emocional. Não à toa, uma das recomendações em momentos de apreensão é fechar os olhos e se concentrar em exercícios de respiração profunda.

“Fisiologicamente, não existe um respirar certo ou errado (a não ser que haja alguma patologia). Nossa respiração é autônoma e vai se adaptar às necessidades do momento. Se a pessoa toma um susto, se está ansiosa, com raiva, vai ficar mais ofegante. Da mesma forma, quando estiver relaxada, vai respirar mais calmamente. As técnicas que trabalham a respiração têm papel muito importante, mas não no pulmão ou no sistema respiratório em si. Não existe estudo que comprove aumento da capacidade pulmonar por isso. Os benefícios são no emocional, no relaxamento do sistema nervoso, levando a uma sensação de bem-estar geral”, explica o pneumologista do Hospital Jayme da Fonte, Guilherme Costa.



Meditação e yoga são ferramentas que sobressaem no uso da respiração em prol do bem-estar, mas há outras opções. “O yoga é uma ciência de grandes mestres nesse sentido. Mas tem a meditação, os florais, a acupuntura. Tudo o que agir para tranquilizar a mente vai ajudar no exercício de uma respiração mais profunda, na qual sentimos o ar entrar pelas narinas, tomar a região torácica e descer até o baixo ventre”, diz Jamile.

Foi através do controle da respiração que a cineasta Emilia Lima, de 26 anos, aprendeu a dominar suas emoções. Há 10 anos, ela despertou a curiosidade sobre meditação e budismo, até então algo que não fazia parte da sua vida ou de familiares. Através de um amigo, conheceu o Centro de Estudos Budistas Bodisatva (CEBB) e encontrou uma válvula de escape. "Como sou muito ansiosa e tenho o diagnostico de déficit de atenção, ansiedade e depressão, a respiração consciente e a meditação me ajudam na concentração do equilíbrio interior e em não deixar o exterior afetar o interior”, conta, revelando como foi o processo de aprendizado.

"O primeiro dia foi estranho, não sabia como me posicionar, o que fazer, como e o que falar, pois cada filosofia e religião têm seus ritos. A primeira prática foi desconfortável, pois eu, como muitos, pensava que a meditação era não pensar. E é exatamente o contrário. Não há como não pensar. Digo que não fui bem sucedida na primeira prática, pois minha mente parecia uma sala cheia de rádios em diferentes estações. Mas o instrutor disse que isso fez com que a experiência tenha sido ótima, pois observei a minha mente e detectei as dificuldades. A meditação e a respiração consciente fazem com que você saiba onde está, quais os seus pensamentos e como sua mente funciona. A partir daí, você pode ‘fazer as pazes’ consigo. A aprendizagem é constante, pois sempre há algo que não sabemos."

Emilia também já tratou a ansiedade em consultório, com uma psicóloga. E, outra vez, a respiração foi peça chave. As lições, ela tem na ponta da língua. “Você respira profundamente, segura o ar por três segundos e solta por completo, devagar. Repete por três minutos. Isso me ajudou e ajuda até hoje quando não estou muito bem”, diz ela, que procura reservar 30 minutos por dia para meditar. O mediador do CEBB, Artur Danda, 36, garante que essa rotina pode fazer grande diferença no dia a dia. “Você sentar confortável, manter uma respiração sem esforços e não fazer nada já é revolucionário no ritmo frenético que vivemos hoje."

#vidaplenajaymedafonte 
Artur Danda, instrutor de meditação do CEBB
Artur Danda, instrutor de meditação do CEBBFoto: Léo Malafaia/Folha de Pernambuco














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