terça-feira, 23 de abril de 2019

Cresce pressão para mudança na forma de produzir ovos


Apesar de no Brasil a adesão à venda de ovos de galinhas criadas fora de gaiolas ser voluntária, aos poucos, as empresas têm migrado seus negócios nessa direção. Foto: Facebook/Reprodução
Apesar de no Brasil a adesão à venda de ovos de galinhas criadas fora de gaiolas ser voluntária, aos poucos, as empresas têm migrado seus negócios nessa direção. Foto: Facebook/Reprodução

Na semana passada, um pequeno grupo de manifestantes da Animal Equality, ONG internacional de defesa animal, fez um protesto na seção de ovos da mais importante loja da bandeira Pão de Açúcar, na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, em São Paulo, ao lado do edifício-sede do GPA.

Caixas de ovos ganharam etiquetas em que se podia ler “O Pão de Açúcar vende ovos de galinhas confinadas”. Em suas redes sociais, a ONG informou que a ação tem como objetivo “conscientizar os consumidores sobre a ausência de um compromisso do grupo para banir 100% das gaiolas da sua cadeia de fornecimento de ovos”. A entidade explica que esse tipo de confinamento causa “danos físicos e psicológicos” às galinhas.

Em 2017, o Pão de Açúcar anunciou que assumiria ali o compromisso público de vender 100% dos ovos de marcas exclusivas da companhia — Qualitá e Taeq — pelo sistema “cage-free” (com as aves criadas soltas, livres de gaiolas) até 2025. Por meio de nota, a empresa informou contar com metas anuais desde 2017, de atingimento de crescimento em ovos livres de gaiolas, tanto para ovos de marcas exclusivas quanto de outras marcas. “Para o primeiro grupo, esses itens respondiam por 14% da venda de ovos do Extra e do Pão de Açúcar em 2017, saltou para 20% em 2018 e a meta de 2019 é chegar em 25%.  Para as demais marcas, os números são 21% (2017) e 24% (2018), com expectativa de alcançar 28% em 2019”, informou.

Na quinta-feira (25), está agendada uma reunião do conselho de administração do GPA. Um dos objetivos da Animal Equality é sensibilizar os conselheiros para que se adote um compromisso mais amplo para a venda de ovos “cage-free”, não apenas para marcas próprias. Procurada, a companhia confirmou que houve o protesto em sua loja, mas não comentou se o assunto deve ser levado à discussão.

Adesão lenta
Apesar de no Brasil a adesão à venda de ovos de galinhas criadas fora de gaiolas ser voluntária, aos poucos, as empresas têm migrado seus negócios nessa direção. A operação brasileira do Carrefour anunciou, no ano passado, que sua meta é oferecer 100% dos ovos obtidos fora do sistema de confinamento das aves até 2028. Até 2025, a companhia planeja que o programa alcance suas marcas próprias. A adesão contou com o apoio de ONGs, como a Animal Equality, Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, Humane Society International e Mercy for Animals. Já o Walmart não divulgou até agora nenhuma meta de adesão ao “cage-free”, apesar de oferecer a opção em suas lojas.

Outra companhia que recentemente decidiu utilizar apenas os ovos “cage-freee” é a PremieRpet, especializada em alimentação para animais. Desde fevereiro, todos os alimentos da linha Seleção Natural passaram a ser fabricados com ovos de galinhas livres de gaiolas.

O consumo de ovos tem crescido no Brasil. Em 2018, o aumento foi de 10,4% em comparação ao desempenho de 2017. Já a produção teve acréscimo de 10%, chegando a um total de 44,2 bilhões de unidades no ano passado. O consumo per capita de 212 unidades/ano foi recorde, de acordo com informações da Associação Brasileira de Proteína Animal.

Cobrança 
Nos Estados Unidos, centenas de empresas se comprometeram a vender apenas ovos de galinhas livres de gaiolas até 2025. A decisão, tomada por pressão dos consumidores, cada vez mais atentos aos meios de produção e possíveis sinais de crueldade animal ou danos ambientais,

A meta poderá ter dificuldades para ser atingida, apontam especialistas. Isso porque os criadores de galinhas poedeiras precisam criar espaços para cerca de 300 milhões de aves. Segundo declaração de Christine McCracken, analista de proteínas do Rabobank, publicada recentemente pela Bloomberg, até agora, os EUA atingiram apenas um quarto dessa meta. O Centro de Indústria de Ovos da Universidade do Estado de Iowa é ainda mais conservador. Com base em dados do Departamento da Agricultura do país (USDA), sua estimativa é de que a produção de ovos livres de gaiolas esteja hoje em torno de 17%.

A analista do banco holandês prevê que a migração para esse tipo de produção de ovos custe a grupos como Walmart Inc, McDonald’s Corp e General Mills Inc. algo em torno de US$ 7 bilhões.

Como forma de pressionar para que a meta seja alcançada, a ONG Humane Society of the United States enviou recentemente uma pesquisa para as 100 maiores empresas americanas, para que informassem sobre os avanços no tratamento de animais, como porcos e galinhas. A entidade pediu também informações sobre a capacidade das companhias de cumprir as novas leis estaduais, como a aprovada na Califórnia, sobre a criação de animais, e dados sobre como elas vêm tratando o aumento das opções baseadas em vegetais a seus cardápios. A regulamentação californiana, aprovada em novembro, estabeleceu que até 2022 será obrigatório adotar espaços livres de crueldade animal para a produção de ovos, suínas e vitela. O prazo final para o envio das respostas é 1º de junho.

Algumas corporações estão mais avançadas em seu processo de adoção do “cage-free” para os ovos. É o caso da Kraft Heinz Co. A empresa informa que 60% dos ovos usados globalmente são de galinhas criadas longe de gaiolas. A General Mills informou à Bloomberg ter alcançado 40% no ano passado. Já a Campbell, conhecida por suas sopas em lata, ainda está em 16%.





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