segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Quadrilha internacional usa frutas do Sertão para exportar cocaína

Esquema criminoso que camuflava droga em cargas de frutas do Vale do São Francisco foi descoberto pela Polícia Federal após apreensão de 5,5 toneladas de cocaína

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Após realizar a segunda maior apreensão de cocaína da história do Brasil, tirando de circulação 5,5 toneladas da droga em três estados nordestinos, a Polícia Federal (PF) descobriu que o tráfico internacional de entorpecentes vem sendo novamente irrigado através do polo de fruticultura do Vale do São Francisco. Ao localizar a droga nos estados de Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Norte, entre a sexta-feira (23) e o sábado (24), os agentes federais suspeitam que o próspero perímetro do agronegócio, concentrado entre as cidades de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), abriga uma das mais lucrativas rotas do pó no país.
A PF acredita que as centenas de tabletes que estavam sendo transportados em dois caminhões e escondidos em fundos falsos em dois depósitos seriam despachadas ilegalmente para a Europa dentro de bombonas de 200 litros contendo concentrado de frutas. Os recipientes de plástico (com frutas e droga dentro deles) seriam colocados em contêineres refrigerados e exportados em navios como se fossem cargas legais.
Dessa forma, a atividade agrícola seria apenas um investimento de fachada para a organização conseguir levar cocaína até os portos europeus, especialmente na Bélgica, Alemanha e Holanda. “Isso dificulta a fiscalização. Sem contar que as cargas são fiscalizadas na saída dos portos brasileiros por amostragem, o que torna muito difícil achar alguma coisa, já que o fluxo de cargas da fruticultura é muito grande”, explica, por telefone, o delegado federal Fernando Berbert.
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No início da apreensão recorde, cerca de 14 bombonas foram achadas dentro de caminhões flagrados com droga pela polícia em uma blitz na BR-407, em Juazeiro. Já em Petrolina, a cocaína foi achada em um fundo falso, assim como em um galpão em Natal (RN). Três homens foram presos em flagrante, todos caminhoneiros.
Delegado regional de Investigação e Combate ao Crime Organizado da PF da Bahia, Berbert lembra que a cocaína percorre uma longa viagem antes de chegar em solo europeu. O mapa do tráfico começa nas fronteiras do Brasil com o Paraguai ou Bolívia. Escondida em caminhões, a droga geralmente segue até alguma cidade portuária brasileira.
Algo novo
Mas a rota nordestina do pó vem registrado desvios até as cidades do Sertão do São Francisco. “A novidade foi a estrutura que essa organização tinha e o lucro que eles teriam com essa operação”, aponta o delegado, que, por razões estratégicas, evita estipular valor de revenda dos mais de 5 mil quilos de cocaína no inflacionado mercado ilegal gringo.
Não é a primeira vez que a PF comprovou a utilização da fruticultura irrigada para exportação de produtos que iam além de mangas e uvas frondosas. Em agosto de 2007, os agentes federais deram uma batida nas instalações da Fazenda Mariad, em Juazeiro, como parte da Operação São Francisco. A investigação federal descobriu que a fazenda era usada como fachada para o tráfico internacional e tinha como chefe o colombiano Gustavo Duran Bautista, apontado como um forte articulador do Cartel do Norte, de Juan Carlos Ramírez Abadía, também preso.

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