quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

MPPE pede esclarecimentos após denúncias de pacientes que perderam a visão no Recife

Pelo menos 15 pessoas estariam com visão embaçada ou completamente escura após cirurgias de catarata

  Por: Alice de Souza - Diario de Pernambuco
Foto: Gabriel Melo / Esp. DP (Foto: Gabriel Melo / Esp. DP)


Tanto a secretaria de saúde do Recife quanto os responsáveis técnicos pela clínica onde foram realizados as cirurgias de catarata cujos resultados levaram a denúncias de suspeita de infecção receberam ontem os ofícios do Ministério Público de Pernambuco (MPPE). A partir disso, os órgãos terão dez dias para prestar esclarecimentos sobre o que pode ter levado pacientes a ficarem com a visão escura após o procedimento. Em entrevista ao Diario, o responsável técnico pelo posto Oftalmologistas Associados, o professor e pesquisador da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Francisco Cordeiro garantiu que não houve infecção nos olhos cirurgiados, mas uma síndrome tóxica do segmento anterior, uma inflamação pós-operatória.

De acordo com ele, logo após o ocorrido, foram tomadas as providências para investigação. “Foram feitas todas as condutas possíveis e imagináveis, mas a ciência não mostrou nenhum sinal de infecção. Os pacientes, inclusive, já tinham feito antes a cirurgia no outro olho e tiveram bons resultados. O processo infeccioso não existe ou foi curado no primeiro dia, quando houve a prescrição de antibióticos”, comentou o médico. O profissional voltou a ressaltar a qualidade técnica do médico que realizou as cirurgias e ressaltou que tem trabalhado dia e noite, desde as cirurgias, acompanhando os pacientes. “Meu objetivo é o reestabelecimento desses pacientes. Quero ser humilde para que eles tenham o melhor resultado possível dentro de 10 a 15 dias”, disse ele, que prometeu esclarecer pessoalmente com o MPPE o caso.

O presidente do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), Mário Fernando da Silva Lins, explicou que nem sempre casos relacionados a denúncias pós-procedimentos têm correlação com a conduta profissional, podem também estar vinculados à contaminação de produtos utilizados nos estabelecimentos. “Os médicos nem sempre têm como saber previamente disso, cabe a organizações de vigilância sanitária investigar. Da nossa parte, cabe apurar a responsabilidade do médico”, comentou. Segundo ele, qualquer sindicância aberta pelo Conselho corre sob sigilo. “Temos 180 dias para concluir, podendo prorrogar por mais 180 dias. Depois de analisado, é que decidimos se abrimos um processo ético-profissional. Temos que ouvir os dois lados, o denunciante e o denunciado.”

Mário Fernando da Silva Lins aproveitou para esclarecer que a população, quando tiver dúvidas ou receios, pode acessar o próprio site do Cremepe para obter informações sobre os profissionais com os quais pretende se consultar. “É possível ver se ele está devidamente registrado no conselho, verificar o número de CRM e a foto. Mesmo aqueles que vem de outro estado para atuar aqui têm um registro secundário no Cremepe”, disse. Tanto o responsável técnico pela clínica quanto o médico que realizou as cirurgias estão devidamente inscritos no órgão.

Entenda o caso

Uma clínica de oftalmologia conveniada à rede de saúde do Recife teve os procedimentos suspensos depois que a prefeitura do Recife recebeu quatro denúncias relacionadas a um mutirão de cirurgias de catarata realizado no último dia 5 de dezembro. De acordo com as queixas apuradas pelo Diario, ao retirar o tampão do olho operado, pelo menos 15 pessoas estariam com a visão embaçada ou completamente escura, além das pálpebras roxas. Elas teriam voltado ao bloco cirúrgico para fazer uma lavagem no olho no dia seguinte e, desde então, ainda não teriam recuperado por completo a visão. O MPPE e o Cremepe investigam o caso.



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