quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Brasil tem mais de 35 mil pessoas registradas com nome Jesus

Pernambuco acumula 470 batismos com o nome de Jesus. São pessoas diferentes que, em comum, levam o nome em homenagem ao Filho de Deus
  Por: Gabriela Castello Buarque/folhape
Ruan de Jesus, 21, embora não tenha nascido no dia de Natal, nem em dezembro, veio ao mundo no mês da Ressurreição de Cristo
Ruan de Jesus, 21, embora não tenha nascido no dia de Natal, nem em dezembro, veio ao mundo no mês da Ressurreição de Cristo

Foto: Paullo Allmeida




Jesus recebeu vários nomes, em diferentes línguas, nos registros de sua passagem pela Terra. Yehoshu’a, Emanuel, Messias, foram algumas das denominações atribuídas a Ele pelo mundo, segundo teólogos e historiadores. Atualmente, pessoas diferentes levam o nome de Cristo, mas a motivação continua sendo a mesma: homenagear o Filho de Deus. No Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre os mais de 200 milhões de habitantes do País, 35.774 se chamam Jesus

Em Pernambuco, dos 8.796.448 habitantes, 470 possuem esse nome. Hoje, dia em que se comemora no nascimento de Cristo, o jovem Jesus da Silva Carvalho completa 17 anos. Ele diz que, apesar de ganhar sempre apenas um presente no Natal, gosta de carregar o nome do Senhor. Para ele, é uma mistura de responsabilidade e bom humor. “É uma responsabilidade muito grande devido ao significado que carrega.” Jesus da Silva conta que “graças a Deus” sempre foi um menino “da igreja”, que vai a missas e até participa como coroinha. Mas que, no colégio, os colegas não são tão compreensivos. “Tiram onda, com piadas e memes do tipo: ‘Jesus apaga a luz’, ou então quando eu volto de alguma ida ao banheiro: ‘Jesus voltou’ e assim vai”, disse o garoto. 

Jonas Carvalho, pai de Jesus, explica que a escolha do nome foi uma forma de homenagear seu “grande ídolo”. “Eu tenho seis filhos, Jesus é o quinto e os quatro que o antecederam a mãe que escolheu os nomes. Então, quando ela engravidou pela quinta vez, ainda no consultório, em um ultrassom no início da gravidez, eu falei que se fosse homem seria Jesus, e ela aceitou”, relatou o pai. Ele conta que, por coincidência, na noite do dia 24, durante a ceia, por volta da 1h, sua esposa se sentiu mal e pediu para voltar para casa. E, após dormir um pouco, acordou em trabalho de parto. E às 11h45 do dia 25, Jesus Carvalho nasceu. 
Ruan de Jesus da Silva Fonseca, 21, embora não tenha nascido no dia de Natal, nem em dezembro, veio ao mundo no mês da Ressurreição de Cristo. Sua avó, Lúcia Dalva da Silva, a quem ele chama de mãe, foi quem escolheu o nome. “A mãe escolheu Ruan e eu escolhi este porque amo Jesus demais e sempre quis ter um filho com esse nome. Como eu nunca tive um filho homem, e este foi o filho que Deus me deu, então ficou Ruan de Jesus”, contou a avó. Ruan, que atualmente faz faculdade de design, conta que até sua adolescência ninguém sabia que havia um Jesus em seu nome. “Foi no ensino médio que descobriram. Por uma brincadeira meus amigos mais próximos passaram a me chamar de Jesus, e de repente a escola inteira estava me chamando assim. E agora já é natural para mim.” Ele diz que, no começo, as pessoas costumavam fazer graça, mas, depois, acabaram compreendendo. 

Apesar do significado do nome, dados do último Censo do IBGE mostram que o número de pessoas registradas como Jesus caiu a partir das décadas de 1950 e 1960, quando o nome era mais popular no Brasil. O historiador Carlos Bezerra explica que a popularidade naquele período está ligada ao pós-guerra, época em que as pessoas almejavam um “salvador”. Ainda segundo ele, o declínio nos anos seguintes decorre da diversificação das religiões no País. O povo brasileiro, afirmou, passou a viver um ecumenismo, migrando para outras crenças devido a influências estrangeiras, principalmente a americana. “Os nomes bíblicos, se pararmos para pensar, são muito comuns. Mas com o tempo, a parte religiosa desses nomes passou a ser desconsiderada e, por isso, as denominações mais fortes têm diminuído”, analisa o teólogo Marcos Guimarães. Ele acredita que a razão principal para a diminuição dos registros de Jesus seja a queda da espiritualidade e religiosidade da população, principalmente devido à globalização. “Antigamente se colocava estes nomes porque eram bíblicos, hoje eles são usados simplesmente porque são bonitos, mas não se sabe o real significado deles.” 

De acordo com o historiador Carlos Bezerra, membro do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco, a palavra Jesus é a versão em português do grego Iesous e significa “Javé é salvação” ou “Jeová é salvação”. Também é uma adaptação do aramaico Yeshu’a, que é a forma contraída do nome Yehoshu’a, que se traduz no português como Josué, equivalente a Jesus em significado. O teólogo Marcos Guimarães explica que era costume do povo Judeu colocar um nome que tivesse a ver com a personalidade da pessoa. 

“Quando a pessoa mudava de caráter o nome mudava.” E por isso a palavra Jesus, em português, significa “salvador” ou “aquele que salvará”. Só que, como de praxe para aquela época, ele tem outros títulos e o mais conhecido deles é Emanuel, que quer dizer que ele está presente, que é “Deus conosco”. Por exemplo, o nome Cristo, o “Cristo” é o oficio dele, a sua função de salvar a humanidade”, afirmou o teólogo.

Jesus Carvalho e sua família
Jesus Carvalho e sua famíliaFoto: Cortesia











Blog do BILL NOTICIAS

Habilitação de 38 novas fábricas amplia exportações de carne para a China

Presidente Lula acompanhou, em Campo Grande, primeiro lote de proteína animal da JBS a ser enviado ao país asiático Presidente Lula visita p...