domingo, 8 de abril de 2018

DIMAS ROQUE
Jornalista
Duas imagens são marcantes e vão permanecer no imaginário popular por um longo tempo. A primeira é a de Lula sendo carregado nos braços do povo. Ela foi feita pelo jovem Francisco Proner Ramos. A outra, não se sabe o autor ainda, foi feita em um puteiro de São Paulo de propriedade do cafetão Oscar Maroni, dono da boate Bahamas. Mostra a fachada do prédio onde foram colocadas duas fotos para homenagear o juiz Sérgio Moro e a ministra Carmem Lúcia do supremo tribunal federa.
Mas como chegamos a isso?
Não faz mal lembrar que tudo isso começou logo após a vitória de Dilma Roussef para a Presidência da República em seu segundo mandato. O tucano Aécio Neves, então candidato derrota nas urnas, declarou que não daria trégua e que faria de tudo para inviabilizar a administração da Petista, e ele cumpriu a promessa.
O congresso brasileiro, liderado na câmara por Eduardo Cunha e no Senado por Aécio, barraram todos os projetos que vinham do executivo e aprovavam projetos que inviabilizariam, de fato, o governo federal. De tão ruins, ficaram conhecidas como "pautas bombas".
No jogo, arrumaram uma denúncia de "pedaladas fiscais", termo usado em referência a operações orçamentárias realizadas pelo Tesouro Nacional, não previstas na legislação, para atrasar o repasse de verba a bancos públicos e privados com a intenção de aliviar a situação fiscal do governo em um determinado mês ou ano, apresentando melhores indicadores econômicos ao mercado financeiro e aos especialistas em contas públicas. E conseguiram apoio do TCM que deu parecer indicando "crime". E foi assim que começou a retirada da presidência de Dilma Roussef.
Neste jogo, falam-se que bilhões teriam sido gastos para a compra de deputados e senadores, mas nada ainda foi provado. Nenhum dos possíveis comprados abriu a boca até agora. Mas houve a conversa do Senador Romero Jucá, do PMDB, que foi gravado por interlocutor e no áudio apareceu a frase, "com supremo, com tudo" dita por ele. Indicando que ministros do supremo tribunal federal brasileiro estariam envolvidos no Golpe do afastamento de Dilma.
Enquanto na política sobrava traidores e vendidos, na justiça se armava denúncias contra Lula. A mais famosa, e diga-se, sem provas até o momento, foi a do apartamento tríplex que fica no Guarujá em São Paulo. Sérgio Moro arrumou delatores para afirmar que seria de propriedade do ex-presidente. Publicamente se viu presos darem uma versão onde não constava o nome do acusado e a versão não ser aceita e depois retornarem e, visivelmente mentindo, mudarem a versão, agora colocando Luiz Inácio como proprietário.
Mas nenhuma dessas arbitrariedades que foram denunciadas surtiram efeito. Os garotos da lava jato caminhavam, com a cumplicidade da grande imprensa, cometendo seus delitos.
Por falar em delito, eis que apareceu o advogado da Odebrecht Tacla Duram. Ele denunciou o amigo de Sérgio Moro, também advogado, Carlos Zucolotto, de vender sentença dentro da operação em Curitiba. Silencio total na grande mídia. Ninguém foi ouvido. Nem o próprio denunciante, que quer dar sua versão, o juiz do caso quer ouvir.
Enquanto essas coisas aconteciam, Lula viajou pelo país em suas famosas Caravanas. Encontrou o povo e ouviu deles o pedido de que continuasse a luta para retornar à presidência da república. Na estrada, no Sul do Brasil, apareceram as milícias armadas. Foi quando se percebeu que havia algo de errado e grave acontecendo. O fascismo estava de portas abertas, e ele, através de um de seus asseclas, atentou contra a vida do ex-presidente e de quem o estava acompanhando. E o que aconteceu com a notícia? A não notícia! De atentado, tentaram induzir o povo a acreditar que teria sido uma farsa. Na semana passada saiu o laudo da polícia do Pará. Foi mesmo uma tentativa de assassinato praticado por alguém ainda não identificado.
O desejo incontido dos meninos da lava jato era o de prender Lula. Eles queriam ver a foto em todos os jornais e viralizando pelo mundo. Moro decretou a prisão. Lula recorreu através de seus advogados ao supremo tribunal federal com um pedido de habeas corpos. Perdeu! Foram 06 votos contra e 05 favoráveis. Agora já se sabe, um dos votos, o da ministra Rosa Weber não poderia ter sido dado, ela estava impedida de fazê-lo por estar analisando uma ação relacionado ao caso. Ela já havia se pronunciado sobre o tema anteriormente, justamente nas ADCs - Ações Declaratórias de Constitucionalidade. Este fato daria empate na votação e favoreceria o réu.
O jogo segue.
Negado o pedido de habeas corpus contra prisão, os juízes do tribunal regional federal da 4ª região pedem a Sérgio Moro que decrete a prisão de Lula. O pedido demorou exatamente 22 minutos para ser atendido. Criou-se o impasse, o nordestino que mudou a vida de milhões de brasileiros se entregaria?
Lula fez do momento desfavorável a melhor das suas performances. Ele foi ao Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo dos Campos, onde sua vida política nasceu e dá lá comandou a resistência. Não atendeu a intimação e mesmo assim, não descumpriu a lei. A justiça sabia onde ele estava, se o quisesse prender, que fosse lá buscar. Não foram!
Ontem, 07, após a realização de uma missa em homenagem a sua ex-esposa Marisa Leticia, Lula saí do carro de som carregado pelo povo. E eis que, em um momento de iluminado é fotografado do alto do prédio do sindicato. A foto viralizou e o mundo viu o quanto Lula é amado pelos seus. A prisão, ao se entregar por vontade própria, ficou em segundo plano.
Enquanto isso, Oscar Marone, o dono do puteiro, homenageava Sérgio Moro e Carmem Lucia. Suas fotos, na entrada da boate de prostituição para ricos e do bem, é o que fica da justiça brasileira neste momento de enfrentamento social.
Como disse o, também, pernambucano Alceu Valença sua canção Papagaio do Futuro, "Quem tem o mel dá o mel. Quem tem o fel dá o fel. E quem nada tem, nada dá".
Lula se entregou no início da noite, mas já tinha feito o que de melhor sabe fazer, trouxe para ele todas as atenções e a narrativa favorável. É hoje um preso político dentro de seu próprio país e o mundo viu e ouviu o as suas denúncias contra parte da justiça e do ministério público, a grande mídia e a polícia federal.(247).

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