domingo, 11 de março de 2018

‘SUBREPRESENTAÇÃO DA MULHER NO PARLAMENTO É ESPANTOSA NO BRASIL’

Felipe Gonçalves

Por Gisele Federicce, 247 – Apesar de ter uma legislação específica para garantir a presença de mulheres no Congresso, o Brasil ocupa a 152ª posição num ranking de 193 países que contabiliza a representatividade feminina em parlamentos, de acordo com dados da Inter-Parliamentary Union (IPU), entidade com sede na Suíça que considera apenas as cadeiras em câmaras baixas, o que no Brasil corresponde à Câmara dos Deputados.
Doutora pela USP, a professora e integrante do Grupo de Pesquisa em Direito e Gênero na Fundação Getulio Vargas (FGV) em São Paulo, Luciana de Oliveira Ramos, afirma que "a subrepresentação da mulher no ambiente do parlamento é realmente muito espantosa no Brasil, sendo de no máximo 13% ou 14%". Na sociedade, as mulheres representam mais de 50% da população e mais de 50% do eleitorado.
Em entrevista à TV 247 concedida na última quinta-feira 8, Dia Internacional da Mulher, ela declarou: "É muito importante que as mulheres de fato estejam participando do debate público, que é justamente o debate em que as leis são sancionadas, os direitos são criados e também as obrigações. Ouvir vozes diferentes daquelas que já existem no parlamento é muito importante e a voz das mulheres certamente é uma delas".
Uma das razões para que a lei "não tem funcionado", diz Luciana, "é a resistência dos partidos em selecionar mulheres com reais chances de serem eleitas". "A lei requer mais do que simplesmente ter um mínimo de 30%. Ela requer uma vontade real dos partidos de incluírem mulheres efetivamente no ambiente político, e não é o que acontece", afirma.
Além da legislação, a questão cultural, que ainda deposita na mulher a figura que cuida da família, também dificulta que a mulher decida entrar para a política. Luciana observa que antes de a mulher decidir se candidatar, o problema já se inicia quando ela decide ter uma vida partidária, uma vez que as reuniões acontecem à noite e aos finais de semana. Depois que a mulher é eleita, a resistência no parlamento também permanece, onde a mulher é sempre interrompida, tem a figura sexualizada e chamada de várias coisas, cita ainda a professora. "Eleger mais mulheres é ultrapassar só o primeiro passo", diz.
Luciana acredita que ainda não existe uma conscientização na sociedade, no momento do voto, em buscar incluir perfis diferentes do que já existem, como de mulheres e negros, por exemplo. "Isso ainda está começando a aparecer", avalia. "A gente também não pode dizer que todas as mulheres têm a preocupação com pautas mais progressistas do ponto de vista do direito das mulheres. Então é importante, se a gente for votar numa mulher, que esteja conectada com o movimento feminista", recomenda.
Sobre o golpe que retirou Dilma Rousseff do poder, a professora interpreta que "o símbolo de a gente ter tido uma primeira mulher presidenta do Brasil, de ela ter sido retirada da forma como foi, fez com que a gente regredisse muito na pauta dos direitos femininos". (247).

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