sábado, 17 de fevereiro de 2018

Vírus da febre amarela é encontrado em outra espécie de mosquito

Cientistas brasileiros encontram o micro-organismo em exemplares de Aedes albopictus capturados em cidades de Minas Gerais 
onde houve casos da doença.
Também chamado de tigre asiático, o Aedes albopictus pode ser encontrado em estados das regiões Norte, Sudeste e Centro-Oeste. Foto: Thierry Roux/AFP
Também chamado de tigre asiático, o Aedes albopictus pode ser encontrado em estados das regiões Norte, Sudeste e Centro-Oeste. Foto: Thierry Roux/AFP


O vírus da febre amarela foi encontrado, pela primeira vez, no mosquito Aedes albopictus, conhecido popularmente como tigre asiático. Segundo pesquisadores do Instituto Evandro Chagas (IEC), que fizeram a descoberta, ainda não se pode considerar o inseto um novo transmissor da doença, como são os mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes. Mas a detecção inédita reforça a necessidade de combatê-lo, pois o A. albopictus tem como forte característica a capacidade de viver tanto em florestas quanto em áreas urbanas. Transformando-se em um vetor do vírus, portanto, ele contribuiria para o aumento dos casos da enfermidade.

No estudo, os pesquisadores analisaram mosquitos coletados em áreas rurais de Itueta e Alvarenga, municípios de Minas Gerais, durante a epidemia de febre amarela ocorrida no ano passado. Mas o inseto não se limita a essa região. Pedro Vasconcelos, diretor do IEC, explica que o A. albopictus tem sido encontrado em vários estados da Amazônia, do Centro-Oeste e do Sudeste, mas em menor quantidade do que o Aedes aegypti, que transmite a doença. “Sabemos que há uma competição do nicho ecológico entre essas duas espécies. Onde há predominância de Aedes aegypti, o albopictus não se instala, e vice-versa”, complementa.
 
Uma técnica avançada de diagnóstico molecular e o sequenciamento completo do genoma do vírus permitiram a identificação do causador da febre amarela nos mosquitos. A equipe brasileira ressalta que os achados são importantes principalmente devido às características da espécie estudada. “Ele é um mosquito eclético, que, geralmente, vive em áreas periféricas, se adapta bem tanto nas áreas urbanas quanto nas silvestres. Dentro dessa última, está a que chamamos de meio rural, que inclui fazendas, sítios, matas”, explica Vasconcelos.

Com essas características, o A. albopictus não encontra dificuldades em viver em áreas urbanas. Se o mosquito se transformar em um novo vetor da febre amarela, portanto, poderá funcionar como um agente de ligação no ciclo de propagação da doença. “Esse achado é importante porque o Aedes albopictus pode vir a estabelecer um ciclo intermediário (rural) da febre amarela nas Américas, semelhante ao que ocorre na África”, frisa o diretor do IEC. 
 
Mais estudos
 
Os cientistas reforçam ainda que novas investigações poderão mostrar se o A. albopictus tem condições de transmitir a febre amarela. Essa capacidade vetorial só pode ser confirmada caso o vírus consiga se replicar de forma intensa nos tecidos do inseto. “Apenas com estudos adicionais poderemos saber se ele tem competência vetorial e como isso poderá afetar as medidas de segurança relacionadas”, diz Vasconcelos.

O IEC aprofundará as pesquisas sobre a capacidade vetorial do mosquito nos estados que atualmente são afetados pela febre amarela: Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. Independentemente dos resultados, Vasconcelos ressalta que as descobertas atuais devem ser interpretadas como mais um motivo para intensificar as medidas de prevenção à doença. “É preocupante, mas não é desesperador. O importante é intensificar o combate aos mosquitos, que é o mesmo feito em relação aos transmissores da doença. São medidas que podem impedir principalmente a transmissão urbana”, destaca.

Sob controle
 
Especialistas explicam que o risco de transmissão urbana da doença no Brasil são baixas. Segundo o Ministério da Saúde, todos os casos registrados desde 1942 são silvestres. De 1º de julho de 2017 a 16 de fevereiro deste ano foram 464,  sendo 181 em São Paulo, 225 em Minas Gerais, 57 no Rio de Janeiro e um no Distrito Federal.
 
"É preocupante, mas não é desesperador. O importante é intensificar o combate aos mosquitos, que é o mesmo feito em relação aos transmissores da doença” (DP).


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