quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Cirurgia que dispensa internação na UTI garante qualidade de vida a portadores de marcapasso

No Recife, cardiologista realiza extração de eletrodos de marcapasso através de técnica minimamente invasiva, procedimento pouco realizado fora do eixo Rio-São Paulo
Jorge Cubits recorreu ao especialista  Gustavo Santiago quando precisou ser submetido a exames de ressonância magnética. Foto: Rafael Martins/DP

Jorge Cubits recorreu ao especialista Gustavo Santiago quando precisou ser submetido a exames de ressonância magnética. Foto: Rafael Martins/DP

De ex-professor nos tempos da faculdade de medicina, o médico Jorge Cubits, de 87 anos, viu sua relação mudar ao se tornar paciente do seu ex-aluno. Ele entregou a sua saúde, em um misto de confiança e orgulho, ao seu pupilo. Gustavo Santiago é responsável por executar um procedimento raro em Pernambuco: a remoção minimamente invasiva de cabos-eletrodos de marcapassos. A técnica, realizada por meio de uma pequena incisão abaixo do ombro e tecnologia de ponta, possibilita a alta hospitalar no mesmo dia, agilidade impossível nas cirurgias de peito aberto, que são mais comuns em casos mais extremos. Para Jorge, o procedimento com rápida recuperação facilitou a realização imediata de exames de ressonância magnética, que não são recomendados para pessoas com o dispositivo implantado não compatível. “O procedimento foi indolor e super tranquilo, não tive nenhum problema”, conta.

Procedimento menos invasivo feito por uma pequena incisão possibilita a alta hospitalar no mesmo dia. Foto: Biomedical/Divulgação
Procedimento menos invasivo feito por uma pequena incisão possibilita a alta hospitalar no mesmo dia. Foto: Biomedical/Divulgação


Portador de marcapasso há oito anos, Jorge Cubits precisou recorrer ao cardiologista quando foi diagnosticado com um tumor na cabeça. “Recentemente, apareceu um tumor no meu cérebro e eu tinha que fazer o exame de ressonância magnética com urgência, mas não podia realizá-lo com os eletrodos de marcapasso que já estavam implantados. Era necessário trocar por outros compatíveis”, pontua Jorge. Além do exame, o médico deve ser submetido a uma radiocirurgia estereotáxica: “Nesse tipo de procedimento, canhões emitem radiações que desintegram o tumor. Para isso, entretanto, é preciso fazer uma ressonância nuclear magnética, que é contra-indicada nesses pacientes por apresentar um risco potencial de induzir diversas complicações, inclusive com risco de vida, para os portadores de dispositivos cardíacos implantáveis não compatíveis com esse exame”, avalia Gustavo. 

Para realizar a troca de eletrodos, o cardiologista utiliza um fio guia de suporte por dentro do eletrodo e uma bainha extratora de eletrodos de marcapasso.  Com a tecnologia de última geração, o especialista consegue remover os cabos com maior tranquilidade e segurança. “É importante extrair eletrodos que estejam com problema ou apresentam alguma possível complicação para a vida do paciente, como no caso de Jorge. O habitual é desligar os cabos-eletrodos com problema, deixando-os dentro do coração do paciente e adicionar outros novos. Alguns pacientes têm quatro, cinco ou até mais eletrodos dentro do coração”, aponta. Em média, cada eletrodo demanda uma hora para ser removido.

“Quando um marcapasso é colocado, depois de alguns meses uma fibrose pode se desenvolver e ‘agarrar’ os eletrodos, dificultando a sua remoção com uma simples 'puxada' pelo especialista, técnica às vezes usada com resultados nem sempre satisfatórios e que podem causar risco de vida ao paciente. Em casos de infecção, por exemplo, abre-se o peito do paciente para tirar os cabos", destaca Gustavo. “Em situações de disfunções ou fraturas dos eletrodos, não se pode simplesmente colocar mais cabos nas vias, é preciso remover os defeituosos”, completa.

Segundo o cardiologista, a técnica diminui o risco de infecção hospitalar, o tempo de recuperação e o trauma cirúrgico. Foto: Rafael Martins/DP
Segundo o cardiologista, a técnica diminui o risco de infecção hospitalar, o tempo de recuperação e o trauma cirúrgico. Foto: Rafael Martins/DP



Segurança no procedimento, qualidade de vida com acesso à ressonância magnética e recuperação cirúrgica rápida são percepções dos pacientes submetidos a essa intervenção cirúrgica minimamente invasiva, com o uso de tecnologia de ponta, disponível no Recife desde abril. 

O paciente com infecção e que necessita retirar todo o sistema implantado (eletrodos e marcapasso) precisaria de uma cirurgia cardíaca convencional, abrindo o peito, para retirar os eletrodos presos ao coração, com média de três dias de internação pós-cirúrgica em UTI. Com a técnica menos invasiva, a alta acontece horas depois do procedimento. "Os pacientes são liberados rapidamente e sem internação na CTI. A técnica diminui o risco de infecção hospitalar, o tempo de recuperação e o trauma cirúrgico", explica o cardiologista. Além de pacientes com demanda de ressonância magnética e infecção, o processo é indicado em casos de disfunção e recall de eletrodos. Nas proximidades da data em que se comemorou o Dia de Prevenção das Arritmias Cardíacas e Mortes Súbitas, neste último domingo, Jorge Cubits só tem a comemorar o avanço rápido de seu tratamento. (DP).

Arte: Priscila Milet
Arte: Priscila Milet




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