segunda-feira, 30 de outubro de 2017

  Em parceria com Lé Figaro
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Um recente estudo revela que o Mal de Parkinson ataca agricultores e pessoas que moram nas imediações de plantações agrícolas bem mais do que o resto da população. Cientistas apontam a elevada exposição dessas populações aos pesticidas e defensivos agrícolas, alguns dos quais conhecidos por sua ação neurotóxica.

Por: Cécile Thibert - Le Figaro Santé
Qual é o ponto em comum entre os agricultores e as pessoas que moram próximas a áreas de cultivo agrícola? Eles têm um risco bem maior de desenvolver o Mal de Parkinson. Dois estudos recentemente publicados por equipes de pesquisadores franceses confirmam e aprofundam o que já tinha sido descoberto há dois anos por cientistas norte-americanos da Universidade da Califórnia: Essas pessoas têm um risco mais elevado, respectivamente de 13% e 8,5% de desenvolverem essa doença neurodegenerativa. Entre os agricultores aposentados (entre 60 e 84 anos), essa diferença é ainda mais marcante pois eles são 18% a mais a sofrer dessa doença em relação às pessoas da sua mesma faixa etária. Os cientistas apontam o dedo para a a elevada exposição desses pacientes aos pesticidas, dos quais alguns já são bem conhecidos por suas propriedades neurotóxicas.

Doença da profissão
Desde 2012, a exposição aos pesticidas é considerada na França como um fator de risco do Mal de Parkinson. A moléstia já é inclusive reconhecida como uma doença profissional dos que militam na agricultura. Nenhum estudo, no entanto, até bem recentemente, tinha explorado a incidência (número de novos casos por ano) dessa doença entre os agricultores na França. É precisamente a questão que a cientista Sofiane Kab decidiu investigar ao desenvolver sua tese de saúde pública e epidemiologia.
Seu trabalho, realizado em colaboração com pesquisadores do Instituto Nacional da Saúde e da pesquisa Médica (Inserm), deu lugar à publicação de dois estudos em revistas científicas internacionais. Para chegar a tais resultados, a jovem cientista e seus colegas compararam os dados da Agência Social Agrícola francesa - um instituto de planos de saúde específicos para o mundo agrícola - com outros dados provenientes de outros planos de seguro-doença.
"É necessário manter uma certa prudência, pois o Mal de Parkinson é uma doença cuja origem implica em vários fatores, alerta o médico Alex Elbaz, neurologista e epidemiologista do Inserm e diretor da tese de Sofiane Kab. Até o momento, somente podemos dizer que o Mal de Parkinson é um pouco mais frequente entre os agricultores, provavelmente por causa da sua exposição a altos níveis de pesticidas. Mas podem existir também outros fatores de risco". Os dados obtidos sugerem igualmente uma possível associação, menos significativa que a do Parkinson, com a doença autoimune chamada de esclerose lateral amiotrófica.
Dentre os insetos, as abelhas são os mais prejudicados pelos pesticidas agrícolas.  

Dentre os insetos, as abelhas são os mais prejudicados pelos pesticidas agrícolas.  
Viticultura, um caso especial
Sofiane Kab e seus colegas foram ainda mais longe, e se perguntaram se uma exposição não profissional a doses mais fracas de pesticidas ainda desempenharia um papel no aparecimento de casos de Mal de Parkinson. "A frequência dessa doença mostrou-se efetivamente um pouco mais elevada entre as pessoas que vivem nas imediações de áreas cultivadas, sobretudo em zonas onde existem vinhedos", explica Elbaz. Com efeito, a viticultura é uma das culturas agrícolas que mais necessitam de pesticidas. "Esses resultados ainda precisam ser confirmados por estudos mais precisos e aprofundados. O Mal de Parkinson permanece uma doença não muito frequente e o aumento do risco observado é pequeno", completa o cientista.
Há poucos anos, a Califórnia teve de enfrentar uma espécie de "epidemia" de síndromes tipo Parkinson que acometeu um grande número de pessoas jovens. Descobriu-se que todos eles tinham consumido uma droga, a MPTP, uma neurotoxina que, ao destruir certos neurônios, provoca os sintomas permanentes do Mal de Parkinson. Na época, os cientistas observaram que a estrutura do MPTP era muito parecida à de um herbicida, o paraquat. Logo depois dessa descoberta, numerosos estudos internacionais confirmaram a existência de uma ligação entre a exposição profissional aos pesticidas e o 
Outros estudos estão sendo preparados pelo Inserm, em colaboração com a Saúde Pública francesa, com a finalidade de identificar quais psticidas podem estar na origem do risco aumentado de Mal de Parkinson. (Saúde247).
Saber mais:
Kab S, Moisan F, Elbaz A. Farming and incidence of motor neuron disease: French nationwide Study . Eur J Neurol. 2017;24(9):1191-5.
Kab S, Spinosi J, Chaperon L, Dugravot A, Singh-Manoux A, Moisan F, Elbaz A. Agricultural activities and the incidence of Parkinson’s disease in the general French population . Eur J Epidemiol 2017;32(3):203-16.


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