domingo, 4 de junho de 2017

TICO SANTO CRUZ DEFENDE DIRETAS JÁ: DEMOCRACIA É UM DIREITO DE TODOS


Por Gisele Federicce, 247 – Artistas e intelectuais de lados opostos, que foram contra e a favor do impeachment de Dilma Rousseff num passado recente, se uniram nesta semana pelo #TemerJamais. O próximo passo é realizar novos encontros e debater política a fim de criar um consenso pelas Direta Já.
Quem defende é o músico Tico Santa Cruz, um dos responsáveis pela articulação deste início de movimento. "O 'Fora, Temer' já era uma unanimidade. As Diretas Já, não. Então, a minha ideia inicial era dialogar com os setores que apoiaram o impeachment em busca de um consenso pró-Diretas Já. Isso não é uma tarefa tão simples como pode parecer", disse ele, em entrevista ao 247 na tarde desta sexta-feira 2.
Na conversa, ele destaca que, entre os que são contra as eleições diretas, existe o receio de que se trata de um movimento apenas "para devolver o poder ao Lula, ao PT". Ele critica a polarização que se tornou o debate político e avalia que ela "não é positiva para o Brasil". "Política não se faz apontando o dedo, sem ouvir o que o outro tem a dizer. Que é como a gente tá fazendo e como tem uma geração achando que é como se faz".
Em uma publicação em sua página no Facebook, ele defende uma solução que possa "conduzir a sociedade a um diálogo importante sobre as reformas que precisamos, sobre nossa economia que vai ladeira abaixo, sobre nossa sociedade que está cada vez mais exposta à violência e ao completo descaso, enquanto elites políticas tentam salvar suas próprias peles".
O encontro aconteceu no apartamento de Paula Lavigne, empresária e companheira de Caetano Veloso, na última quarta-feira 31. Estiveram lá artistas como Wagner Moura, Camila Pitanga e Letícia Sabatella, que foram contra o processo de impeachment de Dilma, e Marcelo Serrado e Marcio Gracia, que foram às ruas a favor do afastamento da presidente deposta com camisas verde e amarela. Além dos globais, diversos intelectuais marcaram presença, como desembargadores, professores, representantes da periferia, escritores, magistrados.
Confira abaixo a entrevista:
O que foi discutido no encontro?
Foi feito com o objetivo de unificar a pauta. O 'Fora, Temer' já era uma unanimidade. As Diretas Já, não. Então, a minha ideia inicial era dialogar com os setores que apoiaram o impeachment em busca de uma consenso pró-Diretas Já. Isso não é uma tarefa tão simples como pode parecer, não é uma unanimidade, principalmente no campo que apoiou o impeachment.
Mas acima de tudo simbolizar para as pessoas que essa polarização não é positiva para o Brasil. Que política não se faz apontando o dedo, sem ouvir o que o outro tem a dizer, que é como a gente tá fazendo e como tem uma geração achando que é como se faz.
Então a gente sinalizou um diálogo com essas pessoas e saímos de lá com uma unanimidade de que o Temer não deve ser o nosso presidente mais. Ele deve sair, seja por qual caminho for, por uma renúncia, pelo impeachment, pela cassação, não importa. Somos unânimes em defender a saída dele, mas ainda não conseguimos avançar na pauta de unificação suprapartidária. Que fique bem claro que esse movimento que eu iniciei, ele sempre, o tempo inteiro, foi para poder colocar a questão como suprapartidária, supraideológica.
Não é para tirar a participação dos partidos políticos, nem dos movimentos sociais, nem das frentes que já estão lutando muito tempo contra tudo isso que está afetando o nosso povo, nossa economia, nosso desenvolvimento. Minha intenção num primeiro momento, e é ainda, fazer um movimento suprapartidário nos moldes de 84. E a gente vai avançar para essa pauta ainda. Tivemos um encontro muito importante, porque até então as pessoas só estavam se ofendendo, xingando, e agora teremos novos encontros, alguns já com políticos, alguns já com frentes que estão se posicionando dessa maneira suprapartidária.
Os próximos encontros terão então pessoas inclusive de dentro da política.
Principalmente da política. A ideia é tentar chegar a um consenso nessa pauta. Mas não é tão simples assim porque há um medo de que as diretas estariam sendo usadas para devolver o poder ao Lula, ao PT, a toda essa narrativa que foi construída em cima do anti-petismo. Então nosso trabalho é de desconstruir a questão do anti-petismo e de trazer de volta a ideia de que a democracia é um direito de todos, de que não importa quem será eleito, o que importa é que será eleito pelo povo.
E depois desse momento, de 'Fora, Temer' e Diretas Já, existe uma expectativa de que o movimento tenha um objetivo além, no sentido de diálogo sobre política?
A princípio a primeira pauta é pelas Diretas Já. Encontrando um consenso nas Diretas Já, a gente vai avançar para outras pautas. Mas agora o principal é manter o foco nisso, se a gente distanciar o foco disso, a gente vai perder a nossa força. Agora é tentar chegar ao consenso, se a gente vai conseguir ou não, vai depender dos próximos encontros.
Houve alguma menção ao passado, sobre quem apoiou quem? Alguma discussão nesse sentido?
Não, não entramos nessa pauta para evitar qualquer tipo de conflito. As pessoas que entraram nesse assunto se posicionaram por conta própria, mas não era um debate sobre o que foi feito e o que não foi feito. Todo mundo estava lá consciente das escolhas que fizeram e a ideia era passar isso adiante para pode passar para a pauta que a gente estava levando.
Por que Michel Temer não pode mais ficar na presidência, na sua opinião?
Primeiro pela razão óbvia de que ele não tem legitimidade para se manter no cargo de presidente. Segundo porque ele está conduzindo reformas que não estão sendo debatidas com a sociedade, de forma arbitrária e autoritária. E por último, o que talvez fosse mais contundente, mas que parece não ter sido suficiente para que as pessoas despertassem, porque ele está envolvido no meio de um monte de escândalos, como grande parte da classe política está, e não tem legitimidade de conduzir o País.
Qual seria o risco de uma eleição indireta hoje no Brasil?
A probabilidade é pelas indiretas, né. Se o povo não se mobilizar, a eleição vai ser indireta. O risco é eleger alguém que desde o início apoiou o impeachment e que está agora nesse grupo que trabalha em prol dos interesses do mercado financeiro e que privilegia as mudanças que estão sendo pautadas agora e muito mais. (247).

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