A planilha apresentada
pelos delatores da Odebrecht Marcio Faria e Rogério Araújo que pode comprovar a
negociação, feita por Michel Temer em seu escritório político em São Paulo, de
uma negociata de US$ 40 milhões em propina para o PMDB é mais um capítulo a
reforçar as investigações contra o peemedebista alçado à Presidência por um
golpe parlamentar em 2016.
Como
mostra reportagem do jornalista André Barrocal, da Carta Capital, os pagamentos
começaram em 21 de julho de 2010, seis dias depois da reunião no escritório de
Temer. Um repasse de 256 mil dólares a "Tremito", codinome para
identificar PMDB, segundo um dos delatores. O outro codinome para PMDB era
"Mestre", diz o mesmo delator. "Tremito" e
"Mestre" receberam 32 milhões de dólares entre 2010 e 2012,
provavelmente no exterior.
Os
outros 8 milhões de dólares em propinas, a inteirar os 40 milhões da negociata,
foram pagos aos codinomes "Ferrari", "Drácula" e
"Camponez". Trata-se de um trio de petistas, o senador cassado
Delcidio Amaral (MS), o atual líder do partido no Senado, Humberto Costa (PE),
e o ex-tesoureiro João Vaccari Neto. Costa está oficialmente sob investigação
do MPF por causa dessa história.
O
contrato de 825 milhões de dólares a resultar nas propinas foi firmado em
outubro de 2010 pela Odebrecht com a Petrobras, com o objetivo de proporcionar
a manutenção de unidades da estatal em nove países. Um serviço do tipo
"Plano de Ação de Certificação em Segurança, Meio Ambiente e Saúde",
conhecido no mundo dos negócios pela sigla PAC SMS.
O
projeto que resultou no contrato foi concebido na Diretoria Internacional da
Petrobras, na época comandada por Jorge Zelada, indicado para o cargo em 2008
pela bancada de deputados do PMDB, da qual Temer fazia parte. A fraude, segundo
os delatores, consistiu em arranjar a licitação para a Odebrecht ser a
vencedora. Em troca, farta recompensa financeira. Teria sido Aluisio Teles,
número 2 na diretoria de Zelada, quem procurou Araújo, da Odebrecht, com a
oferta.
A
recompensa teria sido fixada em 40 milhões de dólares por João Augusto
Henriques, homem que os deputados do PMDB de fato queriam na vaga de Zelada e
que andava nas sombras pela Diretoria Internacional. Para a negociata ser
selada, diz Araújo, Henriques marcou uma reunião dele, Araújo, com o então
deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). E este marcou outra com Temer. (247).
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