O juiz Sergio Moro
admitiu, antes do início do depoimento de Léo Pinheiro, ex-executivo da OAS, na
semana passada, que o conteúdo da fala poderia ser falso. A declaração de Moro
foi dada em resposta a uma indagação feita pelo advogado de Lula, Cristiano
Zanin Martins, conforme relato publicado no site do ex-presidente nesta
segunda-feira 24.
Zanin
Martins afirmou que a situação indefinida de Pinheiro era prejudicial à defesa
de Lula. "Hoje, o interrogando tem direito de ficar calado e até mentir
[pois é co-réu], mas se ele é delator, a situação se altera", disse,
lembrando que um colaborador da Justiça presta um depoimento atrelado à sua
delação, que por sua vez é concedida dentro de uma estratégia acusatória
montada pelo Ministério Público Federal. "Se há versões sendo negociadas,
a defesa tem que saber", acrescentou.
Moro
concordou com o defensor a respeito da possibilidade de ser mentira o que viria
a contar Léo Pinheiro, entendendo que, como co-réu, ele teria direito a dar
suas versões dos fatos, "quer sejam verdadeiras, quer não sejam
verdadeiras", diz o texto. O juiz disse ainda que o fato de existir acordo
em andamento sem que se saiba se isso vai ser efetivado não seria suficiente
para suspender o andamento do processo.
O texto
informa ainda que a defesa de Lula solicitou à Procuradoria Geral da República
uma investigação sobre o depoimento de Léo Pinheiro, em que o ex-executivo
afirmou que o triplex do Guarujá pertencia ao ex-presidente, mudando sua versão
sobre o fato, uma vez que já havia dito anteriormente que o imóvel não
pertencia ao petista.
O pedido de
investigação à PGR é motivado pelo fato de que o conteúdo do depoimento foi
divulgado na imprensa antes mesmo de ter ocorrido, o que indica que Pinheiro
"negociou" com os procuradores da os detalhes de tudo que deveria ser
dito contra Lula. Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo, Pinheiro daria
diante de Moro um "aperitivo" de tudo que poderia dizer contra Lula
em sua delação premiada acordada com os procuradores da Lava Jato. No dia da
audiência em Curitiba, o jornal Valor Econômico antecipou, com base em fontes
ligadas ao processo, tudo que ele iria dizer e efetivamente disse. (247).
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