O cientista político Túlio Velho Barreto, da Fundação Joaquim
Nabuco (Fundaj), avalia que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem a
vantagem na briga pela paternidade das obras da Transposição do Rio São
Francisco, que, após ser totalmente concluída, levará água para quase 400
cidades no interior dos estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e
Ceará.
"A obra já foi
contestada no passado pelo PSDB. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin
(PSDB), poderia estar denunciando que a obra não está completa. Poderia apontar
que houve descuido e descaso. Mas todos estão tentando capitalizar em cima da
obra, o que legitima o projeto em si. Isso tende a favorecer Lula", disse
ele ao JC.
De acordo com o analista,
Michel Temer (PMDB) e Alckmin têm atuado para tentar reduzir o
"favoritismo" do PT sobre a Transposição. "O PSDB é um
concorrente competitivo e tenta capitalizar com a Transposição porque sabe que
é importante para o Nordeste, pois coloca água onde há necessidade. Penso que o
governo Temer não tem legitimidade e não goza de prestígio no Nordeste e, sendo
assim, busca um apoio popular com a Transposição. Já o PT tenta neutralizar
essas ações e reivindica para isso os grandes investimentos feitos no
projeto", afirma.
No mês passado, Alckmin
visitou um trecho das obras e publicou em seu Facebook:
"As tubulações e bombas que foram utilizadas no Cantareira agora estão
servindo à população da Paraíba e de Pernambuco".
Na segunda-feira (7), o
prefeito do município sertanejo de Sertânia, Angelo Ferreira (PSB), afirmou que
a população da cidade atribui ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a
paternidade das obras da transposição do Rio São Francisco.
"Não sou eu quem estou
dizendo. Estou dizendo o que o povo diz. O povo atribui a Lula a paternidade
das obras. Essa é a grande verdade. E a gente tem que ser justo. Lula foi quem
efetivamente começou esse projeto", disse o prefeito à Rádio Jornal (ouça
aqui a partir dos 3min20s).
Promessa de FHC
As obras da transposição
foram promessas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em suas duas
campanhas eleitorais (1994 e 1998), mas não saíram do papel, o que foi tema de
reportagem da Folha, em 2001. "O presidente Fernando Henrique Cardoso
desistiu de realizar a transposição do rio São Francisco, uma das suas
promessas eleitorais das campanhas de 1994 e 1998. A decisão foi comunicada a
assessores e parlamentares, segundo apurou a Folha", diz um trecho da
reportagem do jornalista Thomas Traumann.
"A Folha apurou
que, para evitar choque com as bancadas dos Estados beneficiados, o governo
poderá manter a obra em suas previsões para o ano que vem. Mas será jogo de
cena. Na realidade, o governo vai substituí-lo por um plano de incentivo à
agricultura familiar e ao plantio de árvores nas margens do rio São Francisco,
orçado em R$ 70 milhões", continua. (veja
aqui). (247).
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