Um
livro bombástico chega, neste fim de semana, às livrarias de todo o
País. Trata-se de “O Princípe da Privataria”, lançado pelo jornalista
Palmério Doria, autor do best-seller Honoráveis Bandidos, sobre o poder
da família Sarney, e colunista do 247. Desta vez, o foco de Doria é
lançado sobre um dos homens mais poderosos e cultuados do Brasil: o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. No livro, o autor aborda as
contradições do personagem e algumas manchas de sua biografia, como a
compra da emenda da reeleição e a operação pesada para blindá-lo na
imprensa sobre o filho fora do casamento com uma jornalista da Globo,
que, no fim da história, não era seu filho legítimo.
Leia, em primeira mão, o material de
divulgação preparado pela Geração Editorial, a mesma casa editorial que
lançou livros-reportagem de sucesso como Privataria Tucana, de Amaury
Ribeiro Jr., e Segredos do Conclave, de Gerson Camaratti:
O Príncipe da Privataria revela quem é o “Senhor X”, o homem que denunciou a compra da reeleição
Uma grande reportagem, 400 páginas, 36
capítulos, 20 anos de apuração, um repórter da velha guarda, um
personagem central recheado de contradições, poderoso, ex-presidente da
República, um furo jornalístico, os bastidores da imprensa, eis o
conteúdo principal da mais nova polêmica do mercado editorial
brasileiro: O Príncipe da Privataria – A história secreta de como o
Brasil perdeu seu patrimônio e Fernando Henrique Cardoso ganhou sua
reeleição (Geração Editorial, R$ 39,90).
Com uma tiragem inicial de 25 mil
exemplares, um número altíssimo para o padrão nacional, O Príncipe da
Privataria é o 9° título da coleção História Agora da Geração Editorial,
do qual faz parte o bombástico A Privataria Tucana e o mais recente
Segredos do Conclave.
O personagem principal da obra é o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o autor é o jornalista Palmério
Dória, (Honoráveis Bandidos – Um retrato do Brasil na era Sarney, entre
outros títulos). A reportagem retrata os dois mandatos de FHC, que vão
de 1995 a 2002, as polêmicas e contraditórias privatizações do governo
do PSDB e revela, com profundidade de apuração, quais foram os trâmites
para a compra da reeleição, quem foi o “Senhor X” – a misteriosa fonte
que gravou deputados confessando venda de votos para reeleição – e quem
foram os verdadeiros amigos do presidente, o papel da imprensa em
relação ao governo tucano, e a ligação do Centro Brasileiro de Análise e
Planejamento (Cebrap) com a CIA, além do suposto filho fora do
casamento, um ”segredo de polichinelo” guardado durante anos…
Após 16 anos, Palmério Dória apresenta
ao Brasil o personagem principal do maior escândalo de corrupção do
governo FHC: o “Senhor X”. Ele foi o ex-deputado federal que gravou num
minúsculo aparelho as “confissões” dos colegas que serviram de base para
as reportagens do jornalista Fernando Rodrigues publicadas na Folha de
S. Paulo em maio de 1997. A série “Mercado de Voto” mostrou da forma
mais objetiva possível como foi realizada a compra de deputados para
garantir a aprovação da emenda da reeleição. “Comprou o mandato: 150
deputados, uma montanha de dinheiro pra fazer a reeleição”, contou o
senador gaúcho, Pedro Simon. Rodrigues, experiente repórter
investigativo, ganhou os principais prêmios da categoria no ano da
publicação.
Nos diálogos com o “Senhor X”, deputados
federais confirmavam que haviam recebido R$ 200 mil para apoiar o
governo. Um escândalo que mexeu com Brasília e que permanece muito mal
explicado até hoje. Mais um desvio de conduta engavetado na Era FHC.
Porém, em 2012, o empresário e
ex-deputado pelo Acre, Narciso Mendes – o “Senhor X” –, depois de passar
por uma cirurgia complicada e ficar entre a vida e a morte, resolveu
contar tudo o que sabia.
O autor e o coautor desta obra, o também
jornalista da velha guarda Mylton Severiano, viajaram mais de 3.500
quilômetros para um encontro com o “Senhor X”. Pousaram em Rio Branco,
no Acre, para conhecer, entrevistar e gravar um homem lúcido e disposto a
desvelar um capítulo nebuloso da recente democracia brasileira.
O “Senhor X” aparece – inclusive com
foto na capa e no decorrer do livro. Explica, conta e mostra como se
fazia política no governo “mais ético” da história. Um dos grandes
segredos da imprensa brasileira é desvendado.
20 anos de apuração
Em 1993, o autor começa a investigar a
vida de FHC que resultaria neste polêmico livro. Nessas últimas duas
décadas, Palmério Dória entrevistou inúmeras personalidades, entre elas o
ex-presidente da República Itamar Franco, o ex-ministro e ex-governador
do Ceará Ciro Gomes e o senador Pedro Simon, do PMDB. Os três, por
variadas razões, fizeram revelações polêmicas sobre o presidente
Fernando Henrique e sobre o quadro político brasileiro.
EXÍLIO NA EUROPA
Ao contrário do magnata da comunicação
Charles Foster Kane, personagem do filme Cidadão Kane, de Orson Welles,
que, ao ser chantageado pelo seu adversário sobre o seu suposto caso
extraconjugal nas vésperas de uma eleição, decide encarar a ameaça e é
derrotado nas urnas devido a polêmica, FHC preferiu esconder que teria
tido um filho de um relacionamento com uma jornalista.
FHC leva a sério o risco de perder a
eleição. Num plano audacioso e em parceria com a maior emissora de
televisão do país, a Rede Globo, a jornalista Miriam Dutra e o suposto
filho, ainda bebê, são “exilados” na Europa. Palmério Dória não faz um
julgamento moralista de um caso extraconjugal e suas consequências, mas
enfatiza o silêncio da imprensa brasileira para um episódio conhecido em
11 redações de 10 consultadas. Não era segredo para jornalistas e
políticos, mas como uma blindagem única nunca vista antes neste país foi
capaz de manter em sigilo em caso por tantos anos?
O fato só foi revelado muito mais tarde,
e discretamente, quando Fernando Henrique Cardoso não era mais
presidente e sua esposa, Dona Ruth Cardoso, havia morrido. Com um final
inusitado: exame de DNA revelou que o filho não era do ex-presidente
que, no entanto, já o havia reconhecido.
Na obra, há detalhes do projeto
neoliberal de vender todo o patrimônio nacional. “Seu crime mais
hediondo foi destruir a Alma Nacional, o sonho coletivo”, relatou o
jornalista que desvendou o processo privativista da Era FHC, Aloysio
Biondi, no livro Brasil Privatizado.
O Príncipe da Privataria conta ainda os
bastidores da tentativa de venda da Petrobras, em que até a produção de
identidade visual para a nova companhia, a Petrobrax, foi criada a fim
de facilitar o entendimento da comunidade internacional. Também a
entrega do sistema de telecomunicações, as propinas nos leilões das
teles e de outras estatais, os bancos estaduais, as estradas, e até o
suposto projeto de vender a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil.
“A gente nem precisa de um roubômetro: FHC com a privataria roubou 10
mil vezes mais que qualquer possibilidade de desvio do governo Lula”,
denuncia o senador paranaense Roberto Requião.
SOBRE O AUTOR
Palmério Dória é repórter. Nasceu em
Santarém, Pará, em 1949 e atualmente mora em São Paulo, capital. Com
carreira iniciada no final da década de 1960 já passou por inúmeras
redações da grande imprensa e da “imprensa nanica”. Publicou seis
livros, quatro de política: A Guerrilha do Araguaia; Mataram o
Presidente — Memórias do pistoleiro que mudou a História do Brasil ; A
Candidata que Virou Picolé (sobre a queda de Roseana Sarney na corrida
presidencial de 2002, em ação orquestrada por José Serra); e Honoráveis
Bandidos — Um retrato do Brasil na Era Sarney ; mais dois livros de
memórias: Grandes Mulheres que eu Não Comi, pela Casa Amarela; e Evasão
de Privacidade, pela Geração Editorial. (Brasil247)
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