sábado, 27 de julho de 2013

Fruticultura de precisão: para grandes e para pequenos



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Houve um tempo em que pensar em agricultura de precisão (AP) implicava na imagem de gigantes e sofisticados maquinários, utilizados por grandes produtores em extensos plantios de grãos. Hoje sua aplicação tem outras perspectivas, com o uso de técnicas e equipamentos mais simples e de baixo custo, e que podem ser aplicados mesmo em áreas pequenas e em culturas perenes, como é o caso da fruticultura.
Esse conceito, porém, ainda não está plenamente difundido entre os produtores, e a aplicação da AP continua representando certo tabu para o setor agrícola.Com a intenção de desmistificar o assunto, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) realizaram, entre os dias 23 e 24 de julho, o Workshop sobre Agricultura de Precisão em Fruticultura, na cidade de Juazeiro (BA).
Para um público de cerca de 150 pessoas, entre produtores, consultores, técnicos e estudantes, o pesquisador Ricardo Yassushi Inamasu, da Embrapa Instrumentação (São Carlos, SP), caracterizou a aplicação da AP nos dias de hoje: “Entendemos que praticar a agricultura de precisão significa respeitar as diferenças que existem no campo, e ao fazer isso você aumenta a eficiência, reduz os desperdícios e, consequentemente, também os danos ao meio ambiente”.
Segundo Inamasu, a imagem da AP é geralmente associada aos grãos porque eram as culturas para as quais existiam maquinários, enquanto a fruticultura não tinha os mesmos recursos. Ele ressalta, no entanto, que o conceito que está por trás da AP não é o uso de máquinas, mas a gestão da variabilidade da lavoura, seja em relação à fertilidade do solo, acidez, pragas e doenças, entre inúmeros outros aspectos. “Os equipamentos apenas auxiliam o homem a fazer a gestão da produção”, conclui.
Prova disso foi apresentada pelo pesquisador Luís Henrique Bassoi, da Embrapa Semiárido (Petrolina, PE), fruto de um trabalho com a cultura de uva de mesa na região do Vale do São Francisco. Além de confirmar que a AP pode ser utilizada em fruticultura, ele também mostrou que essa forma de gestão é perfeitamente aplicável a pequenas lavouras. No levantamento realizado em uma área de apenas 1,6 hectare, foi possível encontrar uma variabilidade significativa, o que permitiu, entre outras coisas, um manejo diferenciado e mais econômico da irrigação.
Como auxílio de uma ferramenta nada sofisticada – o trado, velho amigo dos agricultores na coleta de solo para análise em laboratório –e com um procedimento típico de AP –amostragem em vários pontos formando uma malha ou reticulado –foi possível perceber que em alguns locais havia pedras e encharcamento a partir de 80 cm de profundidade, indicando uma limitação justamente onde a drenagem é mais lenta. Dividindo a área em 6 zonas, e monitorando a umidade do solo, foi aplicada uma lâmina de irrigação maior naquelas menos úmidas e menor nas mais úmidas.
“O produtor observava esse problema visualmente. Ele mesmo havia dividido a área em vários segmentos e já estava praticando um manejo diferenciado da irrigação, mas ainda de maneira intuitiva. O que nós fizemos foi dar um empurrãozinho para ajudá-lo a visualizar melhor a variabilidade no campo”, explica Bassoi.
Além disso, a aplicação da AP neste sistema de produção subsidiou também outras decisões. Com um equipamento simples – o clorofilômetro – foi mapeado o conteúdo de nitrogênio na folha ao longo do ciclo, e as zonas homogêneas apontadas com esses dados indicaram os locais mais apropriados para a coleta das bagas de uva que serviram de amostra para verificar se já estavam no ponto de colheita.
Além disso, ao longo de vários anos o agricultor vinha marcando, a cada safra,as plantas que apresentavam problemas, com uma simples pintura na estaca de sustentação da planta. Isso permitiu que fosse feito um histórico das zonas onde elas apresentavam desenvolvimento mais fraco. Os mapas gerados com os diversos dados coletados na área foram referenciados nos números colocados em cada planta e em cada fileira pelo próprio produtor. “A numeração já nos dá a referência de onde estamos colhendo a informação, não precisamos sequer de GPS”, observa o pesquisador. E conclui: “Com ferramentas simples e alguns ajustes em procedimentos de rotina,pode-se também fazer agricultura de precisão”.
Pesquisas realizadas com outras culturas frutíferas, como a maçã, o pêssego, os citros e a uva de vinho, também foram apresentadas durante o workshop, além da experiência do Chile com a AP. Foram discutidos ainda temas como o uso de ferramentas e imagens espectrais para monitoramento de pragas e doenças e a aplicação do sistema de informação geográfica e sensoriamento remoto à agricultura de precisão em fruticultura.
Todas as palestras proferidas no evento ficarão disponíveis no site da Rede de Agricultura de Precisão da Embrapa (www.macroprograma1.cnptia.embrapa.br/redeap2).


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