A
exumação dos restos mortais do ex-presidente João Goulart poderá ter um
resultado não conclusivo, disse Rosa Cardoso, integrante da Comissão
Nacional da Verdade (CNV). “Já temos uma avaliação da Polícia Federal
dizendo que mesmo que o resultado seja negativo, não é inteiramente
conclusivo. Pode não haver ainda tecnlogia para alcançar o resultado. O
nível de decomposição da massa óssea pode ser grande demais, impedindo
que cheguemos a uma assertiva”, declarou. Rosa Cardoso está na capital
fluminense participando de uma audiência da CNV para ouvir militares
perseguidos pela ditadura
A exumação dos restos mortais do
presidente João Goulart ainda não tem data definida para ser feita. A
CNV informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que uma
força-tarefa formada por integrantes da CNV, da Polícia Federal, da
Secretaria de Direitos Humanos, da Comissão Estadual da Verdade do Rio
de Janeiro, da Ordem dos Advogados do Brtasil e do Ministério Público
Federal no Rio Grande do Sul está sendo criada para tratar do assunto.
Rosa Cardoso informou que peritos
internacionais estarão participando da exumação. “Vamos querer, para dar
mais autenticidade e imparcialidade a esse trabalho de perícia, que
participem peritos da Argentina, do Uruguai, do Chile e de outros países
que tenham tecnologia para essa perícia mais avançada. Queremos pegar
peritos dos países que estiveram envolvidos na Operação Condor, mas
também de países que tenham tecnologia de ponta para que a gente chegue a
resultados mais conclusivos”, ressaltou.
A exumação foi pedida pela família de
João Goulart durante audiência da Comissão Nacional da Verdade em Porto
Alegre. Ela suspeita que o ex-presidente tenha morrido por envenamento.
Jango morreu em dezembro de 1976, durante o exílio na Argentina. O corpo
foi enterrado em São Borja, no Rio Grande do Sul. “Para a família é um
terrível martírio. Convivemos esses anos todos sem saber exatamente o
que aconteceu”, disse João Vicente Goulart, filho do ex-presidente.
Segundo ele, o caso “está envolvido em
mistério desde o dia da morte” do pai. “Não houve autópsia nem no Brasil
nem na Argentina” Havia uma certidão de óbito completamenter
espafúrdia. O caixão estava fechado, selado, sem poder abrir”, disse. De
acordo com João Vicente, já em 1976 surgiram dúvidas sobre as causas da
morte do ex-presidente.
“Gerou-se uma grande dúvida já em 1976.
Fora os documentos que foram depois liberados pelo Departamento de
Estado [norte-americano]. Há documentos indicando que agentes do Dops
[Departamento de Ordem Política e Social] e do SNI [Serviço Nacional de
Informações] estavam dentro da nossa casa no exílio, subtraindo
documentos de forma clandestina. Há fotos de agentes do SNI no
aniversário de meu pai. Temos uma confissão de um ex-agente, do servicço
secreto do Urugai, que disse que participou”, declarou.
Edição: Aécio Amado Fonte Agência Brasil
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