A rede de proteção social que inclui
programas de transferência de renda dos governos federal e estaduais
tornou menos dramáticos os impactos da seca no cotidiano da população do
Nordeste, mas ainda é incapaz de impedir que a economia local entre em
verdadeiro colapso durante períodos de longa estiagem. A avaliação é de
pesquisadores e autoridades ouvidas pela reportagem, que identificou em
Pernambuco, Bahia e Alagoas uma realidade atenuada, porém, ainda
bastante difícil para o sertanejo que enfrenta a maior seca das últimas
décadas na região.
Para o professor João Policarpo Lima, do
Departamento de Economia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a
aposentadoria rural e projetos como o Bolsa Família e o Bolsa Estiagem
dão às famílias do campo, de fato, uma alternativa à produção agrícola
quando as condições climáticas ficam desfavoráveis. Mas a quebra de
safras e a morte de rebanhos provocam efeitos duradouros na economia
local.
A estimativa é que a estiagem provocou
no Estado governado por Eduardo Campos (PSB), possível presidenciável em
2014, a redução de 710 mil cabeças de rebanho bovino – sendo que 150
mil morreram e o restante foi abatido precocemente. A bacia leiteira
estadual sofreu queda de 72% na sua produção.
Na passagem por Fortaleza, Dilma
anunciou pacote de R$ 9 bilhões para medidas emergenciais de
enfrentamento da seca no Nordeste. Porém, prefeitos de municípios do
semiárido baiano e produtores agrícolas do Estado lamentaram o que
chamaram de “superficialidade” das ações anunciadas pela presidente
durante reunião da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste
(Sudene).
Os administradores das cidades afetadas
pela estiagem, liderados pela União dos Municípios da Bahia (UPB),
resolveram criar um “Movimento dos Sem-Água” e prometem marchar até
Brasília para cobrar “medidas objetivas e duradouras” para enfrentar a
crise. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.